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Copa 2014
Domingo - 04 de Março de 2012 às 10:16
Por: RODRIGO VARGAS

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O cronograma de uma obra sem projeto básico de engenharia é, na melhor das hipóteses, uma estimativa sujeita a severas correções de rumo. Quase uma aposta.

Para especialistas consultados pelo Diário, é nesta categoria que se encaixa o prazo de 24 meses estabelecido pela Secretaria Extraordinária da Copa de 2014 (Secopa) para a obra do VLT.

Isso porque o novo modal, que poderá custar até R$ 1,2 bilhão, será licitado a partir de um anteprojeto de engenharia, segundo as regras do RDC (Regime Diferenciado de Contratação).

“Anteprojeto não tem função na engenharia. Nestas circunstâncias, qualquer avaliação sobre custo e prazo é mero chute”, disse o engenheiro civil André Luiz Schuring, da Câmara de Engenharia Civil do CREA-MT.

Segundo ele, as dimensões e o tipo incomum da obra tornam a avaliação ainda mais difícil.

“Se alguém disser que a construção de uma casa de Cohab vai custar R$ 1 milhão, é fácil cravar que está acima do preço. E o VLT? É caro ou barato? Ninguém sabe”, diz.

O arquiteto e urbanista José Antônio Lemos dos Santos avalia que o material apresentado até momento pela Secopa “não pode nem ser considerado um anteprojeto”.

“Pareceu-me mais uma ilustração das intenções do que o governo quer fazer”, disse.

Por conta disso, ele se declarou impossibilitado de discutir o prazo de implantação do VLT.

“A questão do tempo exíguo é relativa. Brasília foi feita em três anos. O Empire State, em Nova York, levou 451 dias. Mas estas obras estavam todas programadas e projetadas”, disse.

Em relação aos possíveis obstáculos no caminho, Lemos dos Santos citou a questão da falta de espaço para integrar os passageiros do sistema de ônibus na região da Prainha, sem a necessidade de desapropriações.

“Eu queria muito ver como é essa história de VLT sem desapropriação. A Bispo Dom José integrava 60 mil pessoas por dia, no pico máximo. Onde que se vai integrar ônibus e VLT ali, sem desapropriação? Eu não vejo jeito”, declarou.

Para José Roberto Bernasconi, presidente do Sindicato de Arquitetura e Engenharia do Estado de São Paulo (Sinaenco), um anteprojeto “não define o que é a obra”.

“Se quando seguimos o rito normal, com projetos básico e executivo, já fazemos obras ruins, com paralisações ou necessidade de aditivos, imagine com um anteprojeto?”, questionou.

Segundo ele, a possibilidade de licitar obras de grande porte sem projeto foi o resultado de “falta de planejamento” de todas as esferas do governo brasileiro.

“O Brasil teve tempo para se preparar, mas pouco fez. O resultado é que teremos um legado, mas muito menor do que poderia ter sido”.




Fonte: DO DC

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