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Saúde
Segunda - 18 de Julho de 2011 às 10:50
Por: Roberta Kremer

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Carlinhos Rodrigues / Agencia RBS
Mais de 48% da população brasileira está acima do peso
Mais de 48% da população brasileira está acima do peso

Para melhorar a acessibilidade aos serviços públicos para pessoas com obesidade mórbida, a Comissão de Direitos Humanos do Senado deve votar em agosto o projeto de lei que lhes dá atendimento prioritário em filas e reserva de assentos especiais, como já acontece com idosos e grávidas. Se aprovada, a proposta precisará passar pela Câmara dos Deputados para virar lei.

A proposta foi encaminhada pela então senadora Serys Slhessarenko, em 2009. A autora argumentou, em sua justificativa, que a obesidade mórbida, além de ser um dos mais relevantes problemas de saúde da atualidade, impõe penosas limitações às pessoas que convivem com o problema.

A senadora tomou a iniciativa ao constatar que o número de gordinhos é alto no Brasil, como mostra o estudo Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Telefone (Vigitel) , do Ministério da Saúde. O relatório aponta que em 2009, mais de 48% da população das capitais brasileiras estavam acima do peso e 15% estavam obesas. Em Florianópolis, o índice é de 46% e 14% respectivamente. A análise não diferencia a obesidade mórbida, que é o tipo mais severo da doença.

Obesos concordam que são discriminados em espaço público

Com 1,68 metro de altura, a atendente de telemarketing Anubis Luana Dalsenter, de 30 anos, tem 170 quilos, resultado de um distúrbio na tireoide. Caminhar, ficar muito tempo em pé ou sentada em bancos estreitos, não é fácil. Ela sente dores nas pernas, devido a uma infecção de pele comum em quem tem excesso de peso.

Anubis, que está licenciada do trabalho devido aos problemas provocados pela doença, espera que a lei entre em vigor logo. A jovem diz que não se sente com os mesmos direitos das outras pessoas, porque os espaços nos locais de serviços públicos são planejados para quem é magro. Os ônibus, por exemplo, não contam com assentos especiais, e nas lotéricas, ela precisa esperar para ser atendida em pé.

— Os ônibus mais velhos não contam com assentos especiais, as empresas apenas tiram o apoio de braço para caber a pessoa obesa, mas fica estreito e me sinto insegura porque não tem onde eu me segurar em uma curva — reclama.

O empresário Fábio Silva, 39 anos, morador de Florianópolis, também sofre de obesidade mórbida e reclama dos aviões. Ele lembra que a distância as poltronas são pequenas e a distância entre elas é curta, o que traz desconforto. Se a proposta virar lei, Silva terá o direito de ocupar dois acentos no avião, sem pagar a mais por isso. Mas, para ele, não é uma solução acessível.

— Entre dois bancos há um espaço no meio, não há como sentar corretamente. Além do mais, como vou colocar o cinto de segurança de uma poltrona até a outra? Os aviões precisariam ter lugares adequados para obesos — defende Silva.

Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia em Santa Catarina (Sbem/SC), Alexandre Hohl, a aprovação do projeto vai facilitar o acesso dessas pessoas na sociedade e oferecer mais qualidade de vida. O médico explica que quem sofre de obesidade tem um sobrepeso em cima dos tornozelos e calcanhares, podendo causar dores musculares e câimbras se ficarem muito tempo em pé.

— A dificuldade será diferenciar quem é obeso mórbido. Tem que ter critério, medir a massa corporal (índice de peso em relação à altura, que para ser considerado alto precisa estar acima de 40) para evitar que pessoas gordinhas queiram sentar no assento duplo, prejudicando quem precisa — diz o vice-presidente do Sbem.






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