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Quarta - 13 de Fevereiro de 2008 às 17:48
Por: Andréia Fontes

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Três acidentes envolvendo 89 mil litros de cargas perigosas foram registrados neste início de ano em Mato Grosso e tiveram a intervenção da Coordenadoria de Atendimento a Acidentes Ambientais da Superintendência de Defesa Civil. Os danos ambientais foram minimizados devido a ação rápida. As operações contaram com o apoio da Polícia Rodoviária Federal, Corpo de Bombeiros, empresas responsáveis pelas cargas e das diretorias regionais da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema).

O primeiro atendimento aconteceu na BR-364, km 223, a cerca de 10 km de Rondonópolis. Um caminhão bi-trem, carregado com 45 mil litros de combustível tombou. Foram quatro dias de operação. O coordenador de Atendimento a Acidentes Ambientais, João Carlos Rocha destaca que esta foi a operação mais complicada, já que o caminhão carregava três tipos de carga perigosa: o diesel - considerado o produto de maior impacto ambiental -, a gasolina – produto com maior risco de explosão - e o álcool.

Durante a operação, que contou com o apoio da PRF, do Corpo de Bombeiros e da prefeitura de Rondonópolis, a rodovia foi fechada a cada duas horas. Além de fazer o transbordo do produto para outro caminhão, a operação consistia ainda em evitar que o caminhão tombado explodisse e que houvesse vazamentos.

Dos 45 mil litros de combustível, mais de 44 mil foram transferidos para outro caminhão. Vazaram cerca de 0,9 litros, produto que foi contido em diques construídos pela equipe de atendimento. Estes diques impediram que o produto chegasse a um corpo d’água que estava a mil metros de onde o caminhão tombou.

Nos períodos que a rodovia era interditada, o congestionamento chegou a 20 km de cada lado. Entretanto, segundo Rocha, a ação era inevitável, devido ao risco de explosão. “A operação demoraria cerca de 10 horas, mas não poderíamos interditar uma rodovia por todo este tempo consecutivo”, explica.

Durante os períodos de interdição, a equipe da Sema fazia o monitoramento constante da atmosfera, com o detector de multigases, o que permitia, em determinados momentos, a liberação de carros que tinham urgência, como ambulâncias. Além disso, era feito constantemente o resfriamento do tanque. Foram utilizados, nos quatro dias de operação, 45 mil litros de água.

Foi necessário ainda fazer o aterramento tanto do caminhão tombado, como do veículo que recebeu a carga e do que fez o transbordo. O primeiro produto retirado foi o álcool. Eram 23 mil litros. O transbordo durou cerca de 2h30. Em seguida foi transferida a gasolina. A carga era de 15 mil litros e o transbordo durou 3h, por se tratar do maior risco.

Para fazer o transbordo do diesel foi necessário virar o caminhão. Neste caso foram 5h de trabalho. Nesta operação estiveram envolvidas cerca de 25 pessoas. O acidente aconteceu no dia 29 de janeiro e a operação foi até o dia 1º de fevereiro.

ÁGUA BOA

Enquanto a equipe da Coordenadoria de Atendimentos a Acidentes Ambientais realizava a operação em Rondonópolis foi avisada de outros dois acidentes. O primeiro aconteceu no dia 30 de janeiro, na MT-158, Km 635, no município de Água Boa. Um caminhão, carregado com 22 mil litros de agrotóxicos, tombou. Segundo informações, o motorista, que faleceu no acidente, estava em alta velocidade e perdeu a direção.

Uma outra equipe da Sema deslocou para o atendimento. Esta operação também durou quatro dias. Cerca de 11 mil litros de agrotóxico ficou intacto, mas o restante acabou caindo no solo. A operação resultou em 12 toneladas de resíduos que foram retirados do local (agrotóxico e solo contaminado). Este resíduo terá que ser incinerado, o que é responsabilidade da empresa. Também foram recolhidos 280 quilos de descarte (embalagens dos agrotóxicos) que foram encaminhados para locais de embalagens seguras.

A 2 mil metros de onde o caminhão tombou também havia um curso d’água. Foi feita uma barreira de contenção de 30 metros, evitando que o agrotóxico atingisse a água. Nesta operação participaram cerca de 15 pessoas.

TANGARÁ DA SERRA

O terceiro acidente com produtos perigosos atendido foi na Serra do Caramujo, em Tangará da Serra. Um caminhão, carregado com 22 mil litros de diesel, que estava subindo a serra, acabou deslizando e se chocou com uma carreta. O tanque furou e o caminhão carregado virou.

Este acidente foi o considerado de maior risco ambiental, pois podia interferir inclusive no abastecimento de água do município de Barra do Bugres, que fica a 80 km do local. Próximo do caminhão estava o rio Angelim, para onde cerca de 11 mil litros de diesel vazou.

A intervenção rápida da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil do município de Nova Olímpia, com a diretoria Regional da Sema de Tangará da Serra, orientados pela coordenadoria da Defesa Civil de Cuiabá, evitou um dano maior. Foi feita uma barreira de contenção no rio, que conteve o óleo. Uma família que residia no local foi retirada e novos estudos sobre o impacto na água estão sendo realizados. O acidente aconteceu no dia 31 de janeiro.

Houve ainda remoção do solo contaminado e transbordo dos outros 11 mil litros de diesel.

PROVIDÊNCIAS

O coordenador de Atendimento a Acidentes Ambientais, João Carlos Rocha informa que nos três acidentes foram emitidos autos de inspeção e notificação. Os procedimentos são encaminhados para a Superintendência de Ações Descentralizadas da Sema que fica responsável pela emissão do auto de infração de acordo com o grau de poluição.

Rocha destaca ainda que a ação rápida e os equipamentos adquiridos pela Sema no final do ano passado foram decisivos para evitar desastres ambientais de grandes proporções nestas três ocorrências.

ORIENTAÇÕES

Em casos de acidentes, a área deve ser isolada imediatamente e o Corpo de Bombeiros acionado. O ideal é que seja informado ao Corpo de Bombeiros o número, com quatro algarismos, escrito no painel de segurança, que é uma placa retangular de cor laranja. Com este número, é possível identificar o produto transportado, facilitando o atendimento às vítimas e a proteção ao meio ambiente.

Na próxima semana a Defesa Civil inicia uma série de cursos nas regionais da Sema para orientar os profissionais sobre as primeiras respostas em casos de acidentes com produtos perigosos. Não é permitido que se faça o transbordo dos produtos sem a presença da coordenadoria de Atendimentos a Desastres Ambientais, que possui técnicos capacitados para estas providências.





Fonte: Sema-MT

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