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Polícia Brasil
Domingo - 04 de Novembro de 2007 às 09:28
Por: José Ribamar Trindade

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O Sistema Penitenciário perdeu as contas de quantos telefones celulares estão em uso hoje dentro das casas de reclusão (penitenciárias) e detenção (cadeia públicas), apenas em Cuiabá e Várzea Grande. A estimativa, por baixo, é de que mais de 1.200 aparelhos e 1.400 chips estejam nas mãos de bandidos. Dias atrás, em apenas cinco dias, um pequeno grupo de bandidos recebeu mais de 35 mil chamadas. Os presos que hoje habitam a Penitenciária de Pascoal Ramos, Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto, Cadeia Pública de Cuiabá (Carumbé) e Cadeia Pública de Várzea Grande (Capão Grande) conversam com muita facilidade, sem o menor constrangimento, dia e noite. O Sistema tenta monitorar as conversas telefônicas, mas encontra barreiras intransponíveis.

A Penitenciária de Pascoal Ramos, segundo a reportagem apurou através de uma fonte de dentro do Sistema Penitenciário, hoje circulam, de mão em mão de bandidos, principalmente assaltantes e traficantes, mais de 500 celulares, apenas nos raios da principal casa de reclusão do Estado.

Outros 80 aparelhos de telefonia móvel estariam nos módulos de aço, anexo ao Pascoal Ramos. Agora o mais impressionante: mais 800 chips estão com os bandidos que habitam apenas a Penitenciária de Pacoal Ramos.

Com os celulares, não apenas os presos considerados de alta periculosidade fazem suas transações ilícitas, como o planejamento de assaltos e a venda de drogas, mas também os outros presos apontados como os mais comuns, que com o avanço da tecnologia e a facilidade da entrada dos aparelhos, também passaram a se organizar e a comandar as “negociações” de dentro das casas de reclusão e detenção em Cuiabá e Várzea Grande.

O cúmulo da afronta ao Poder e a comprovação da mudança de “hábito” entre um crime e outro, aconteceu dias atrás, quando um bandido preso por assalto foi flagrado comandando o tráfico de drogas por telefone de dentro da Penitenciária de Pascoal Ramos . Ele conversava com dois homens, um deles de apenas 15 anos em uma moto, e com a mulher. De tão à vontade que estava conversando ao celular, o bandido nem se deu conta que numa das vezes estava conversando mesmo era com um soldado da Polícia Militar.

Depois da conversa entre bandido e policial, todos os que estavam de lado de fora da Penitenciária de Pascoal Ramos recebendo ordens do assaltante que virou traficante acabaram presos e autuados em flagrante em crimes de tráfico de drogas e formação de quadrilha.

O Sistema luta desesperadamente para brecar a entrada de celulares, mas não consegue. A fonte informou que antes apenas as mulheres de presos, ou as mulheres que alugavam as genitálias, entravam com celulares nas casas de reclusão e detenção. Hoje, com certeza, segundo a fonte, os presos recebem ajuda de servidores públicos, que ao contrário de ajudar o Sistema, estão mesmo é ajudando os presos em troca, dependendo da ocasião, de R$ 100,00 a R$ 200,00.

“Com certeza, hoje os aparelhos celulares não são levados para dentro dos presídios apenas pelas mulheres de presos e pelas mulheres que alugavam a genitália para entrar com celular. Hoje os presos recebem outros tipos de ajuda, de fora para dentro e de dentro para fora”, afirmou a fonte do Sistema Prisional que pediu para não ser identificada.

CARLOS BRITO

O secretário Carlos Brito, da Secretaria de Justiça e Segurança Público (Sejusp), afirmou que o Sistema Prisional está sendo reestruturado. Admite que há deficiência, principalmente de recursos para investimento em tecnologia. Ele garante que está sendo feito um trabalho, inclusive com capacitação, mas que a prioridade do momento ainda é emergencia.

"Estamos trabalhando. Não estamos dando trégua, tanto é verdade, que o número de apreensões de celulares e drogas também é muito alto. Agora, as barreiras são altas, principalmente quando nos deparamos com um índice de 86% de reincidência. Ou seja, de casa 100 presos que saem, 86 voltam. Os presídios estão superlotados e recuperação seria uma forma de evitar que os presos não voltem e que não tenhámos de construir cada vez mais presídios", afirmou Carlos Brito.





Fonte: 24HorasNews

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