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Esportes
Sexta - 28 de Setembro de 2007 às 17:52
Por: Celso Unzelte

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A maioria dos são-paulinos que hoje estão prestes a comemorar mais um título de campeão brasileiro, o quinto em trinta anos, talvez não tenha idéia da importância do ex-jogador Roberto Dias, falecido na noite de quarta-feira, 26 de setembro, aos 64 anos.

Roberto Dias Branco foi revelado pelo próprio São Paulo, onde começou jogando pelos profissionais em 1960. Naquele mesmo ano, defendeu o Brasil no torneio de futebol das Olimpíadas de Tóquio. Volante de origem, Dias foi deslocado para a zaga, posição em que se consagrou como um dos melhores jogadores do Brasil e um dos melhores marcadores de Pelé. Defendeu o São Paulo até 1973, depois jogou no Jalisco Guadalajara, do México, e por pequenos clubes brasileiros, como CEUB-DF, Dom Bosco-MT e Nacional da capital paulista.

No período até 1970, em que o São Paulo chegou a ficar doze anos sem um título de campeão, todo o dinheiro disponível no clube ia para a construção do Morumbi. Não havia craques, só Roberto Dias, que durante quase uma década sustentou sozinho e com dignidade a condição de único ídolo tricolor. A ponto de uma piada ter-se tornado corrente naqueles anos 60: para fazer o São Paulo novamente campeão, qualquer técnico precisaria de apenas dez dias. Dez outros jogadores como Roberto Dias.

Quando o São Paulo finalmente voltou a conquistar um título, o Paulista de 1970, quebrando o jejum que já se aproximava de seu 13º ano, Dias contava com as providenciais companhias de craques como Gérson e Toninho Guerreiro. O título foi conquistado com uma rodada de antecipação, com uma vitória por 2 x1 sobre o Guarani, no Brinco de Ouro.

Naquele dia, Roberto, o homem que há mais de uma década perseguia um título com a camisa tricolor, estava em campo, formando a dupla de zaga com seu maior parceiro, Jurandir. Na volta de Campinas para São Paulo, ele chorou o caminho inteiro, feito uma criança.

Em 1992, às vésperas de o São Paulo conquistar seu primeiro título mundial, derrotando o Barcelona, da Espanha, em Tóquio, Dias foi procurado pela equipe de reportagem da revista Placar. Daria seu depoimento sobre a década de 1960, para uma revista especial comemorativa da grande façanha tricolor em que os representantes das demais décadas eram o ponta-direita Luizinho (anos 1940), o goleiro Poy (anos 1950), o volante Chicão (anos 1970), o zagueiro Oscar (anos 1980) e o atacante Müller (anos 1990). Naquele dia, Roberto Dias revelaria, também, como os grandes ídolos do passado são rapidamente esquecidos.

Dias, então, já trabalhava como professor de futebol dos filhos dos sócios são-paulinos, função que exerceu até sua morte. A certa altura da sessão de fotos, o repórter, sem jeito, pede para que ele, por gentileza, chegasse um pouco mais próximo ou um pouco mais afastado da câmera, de modo a aparecer melhor na foto.

“Meu filho”, respondeu o velho ídolo de toda uma geração tricolor, “faz tanto tempo que ninguém me procura para nada que se você pedir para eu plantar uma bananeira para você, aqui e agora, eu planto...”





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