Chávez se declara disposto a retirar o pedido de adesão plena ao Mercosul

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, se declarou disposto neste sábado a retirar a solicitação de adesão plena ao Mercosul, ao afirmar que se trata de um mecanismo "marcado pelo capitalismo e a concorrência feroz", segundo nota divulgada por sua assessoria.

Em declarações à imprensa oficial venezuelana ao chegar a Teerã, onde realiza visita de trabalho, Chávez disse que "não estamos desesperados para entrar num velho Mercosul que não quer mudar. E se não podemos entrar no Mercosul porque a direita brasileira tem mais força, então nos retiramos".

"Se eles não querem que ingressemos, não temos nenhum problema. Eu, inclusive, sou capaz de retirar o pedido, acrescentou, em referência a parlamentares brasileiros que esperam dele um gesto de desculpa por comentários feitos, antes que seja confirmada a adesão da Venezuela.

O chanceler brasileiro Celso Amorim declarou nesta semana que o Brasil condiciona a adesão plena da Venezuela a que Chávez se retrate de declarações que ofenderam o Congresso brasileiro.

"Ninguém quer uma autoflagelação da Venezuela. É necessário um gesto positivo em relação ao Congresso brasileiro", disse Amorim ao jornal O Globo.

Os senadores brasileiros ameaçaram bloquear a adesão da Venezuela caso Chávez não se desculpe por chamá-los de "papagaios que repetem o que Washington diz", após uma comissão do Senado criticar o fim da concessão ao canal privado RCTV.

A Venezuela havia solicitado a adesão plena ao Mercosul no começo de 2006 quando decidiu retirar-se da Comunidade Andina, da qual era membro fundador.