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Polícia Brasil
Quinta - 30 de Novembro de 2006 às 09:38

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Os roubos e os furtos de veículos subiram mais de 100% nos últimos dois meses na Grande Cuiabá. Até setembro a Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos (DRRFV) vinha registrando uma média de seis veículos roubados por dia, uma média de um a cada quatro horas. De outubro até hoje a média subiu para 12 por dia, ou um a cada duas horas. Na média, em seis dias a DRRFV vai atingir a marca histórica de 2000 veículos roubados em menos de um ano.

Dentro do universo de 1940 veículos furtados e roubados entre 1º de janeiro até a manhã de hoje, também aumentou em mais de 300% o número de dois tipos de veículos: Hilux e Mitsubishi L-200, que viraram a preferência de quadrilhas especializadas em roubar veículos de luxo sob encomenda e “exportar” para a Bolívia.

Nas últimas 24 horas, a DRRFV registrou dois assaltos, cujas vítimas eram proprietárias de veículos modelo L-200. Na noite da última sexta-feira (24), um empresário teve um revólver e uma pistola encostados em sua cabeça no bairro Tijucal por dois assaltantes que roubaram a camioneta dele, uma S-10 branca, placa JZR-2548.

A camioneta estava sendo levada na noite de domingo (26) para a Bolívia, quando capotou na BR-364, antes da cidade de Jangada. A S-10 ficou totalmente destruída. Um dos assaltantes fugiu para o mato, e o segundo foi preso por patrulheiros da Polícia Rodoviária Federal (PRF) porque sofreu ferimentos graves e não teve como correr.

O dono da S-10 conversou com a reportagem - ele pediu para não ser identificado -, quando confirmou o assalto e o medo de ter duas armas encostadas em sua cabeça. “Foi horrível. Foi tudo muito rápido, mas eles ameaçavam atirar o tempo todo. Graças a Deus não aconteceu nada, além do roubo da camioneta, agora totalmente destruída. Estou triste agora, porque antes eu estava muito feliz com a minha camioneta”, lamentou o empresário.

AS HISTÓRIAS

O dono de uma camioneta Hilux – hoje a preferida dos bandidos para vender em dólares ou trocar por droga na Bolívia -, lamenta a perda do carro que acabara de comprar e pagar a vista, mas também garante que está conformado e até feliz por estar vivo.

“Eu acabei de comprar o meu carro (a Hilux) com muito sacrifício por não sou rico, e agora estou a pé. Eu vendi meu outro carro e a moto de minha mulher para ajudar a pagar a camioneta, mas o pior é que ela ainda não estava no seguro. Isso é triste, mas eu estou mais conformado porque eu, e a minha família estamos vivos, graças a Deus”. Desabafou a vítima.

As histórias contatadas pelas vítimas em ocorrências registradas na DRRFV são quase todas iguais. Algumas, como a de um empresário que ficou trancado no banheiro por mais de quatro horas com a família, às vezes mudam um pouco, mas o drama é sempre o mesmo: arma na cabeça, humilhação e ameaça de morte.

Ficamos mas de quatro horas trancados dentro do banheiro de nossa própria casa. Casa que os bandidos invadiram e reviraram tudo, como se estivessem na casa dele. Falavam besteira, palavrões. Foi muita humilhação e violência. Um deles chegou a colocar o cano da pistola dentro de minha boca. Naquele momento eu comecei a pensar em pena de morte para bandidos como os que invadiram a minha casa”, explodiu a vítima, que concluiu: “Foi tanta humilhação, que hoje eu tenho vergonha até de me identificar”.

A RECUPERAÇÃO

Apesar de ter aumentado o número de roubos e furtos de veículos, o índice de recuperação também é alta, com exceção, é claro, dos carros de luxo. De cada dez carros importados roubados, apenas dois são recuperados, mesmo assim, um é abandonado pelos bandidos por algum motivo, até mesmo acidentes de trânsito.

Fora os importados e os de luxo, a média de recuperação da DRRFV é alta, chegando em determinadas ocasiões até a 70%, mas a média geral fica em 60%. Mesmo assim a Especializada pelos registros e investigações de roubos e furtos de veículos está “carente”, ou como diz um investigador: “Estamos capenga”.

A DEFICIÊNCIA

Para se ter uma idéia de deficiência da DRRFV, hoje, lá não trabalham nem 20 policias no total. Em cada plantão trabalham apenas cinco policiais, ficando dois para os registros e o três para atender as ocorrências. Ou seja, nada menos nada, pois sequer os policiais têm condições de sair às ruas para investigar alguma coisa, a não ser dentro do expediente normal.

Pelos cálculos dos próprios policiais que trabalham na DRRFV, hoje seriam necessários, no mínimo 80 policiais para dividi-los em 20 em cada plantão, fora o expediente normal.

Como a cidade é grande e como os investigadores, escrivães e delegados têm que atender, também as ocorrências de Várzea Grande e da Baixada Cuiabana, o correto seriam 30 policiais por plantão.

“O correto seria que a pessoa que foi assaltada ligar aqui antes de fazer a ocorrência, e comunicar o roubo. A gente saia para tentar levantar a pista ainda no local do assalto. Ai sim dava certo. Depois a vítima viria oficializar o roubo”, explica um investigador.

CONSELHO

Os policiais velhos - os que já trabalharam lá -, e os atuais, falam a mesma linguagem quando o assunto é barreira. Antes da DRRFV montava barreira nas principais entradas e saída da Grande Cuiabá e na Baixada Cuiabana. Por lá paravam veículos que estavam chegando ou saindo da Capital.

Resultado: todos os dias, pelo menos dois veículos eram apreendidos. E de lá mesmo, das barreiras, via rádio, os policiais sabiam sobre as ocorrências de roubos de veículos e saiam atrás. Geralmente o final era a favor dos policiais, pois diariamente eram presos ladrões de carros que agiam isoladamente ou em quadrilhas.





Fonte: 24HorasNews

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