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Cultura
Quinta - 16 de Novembro de 2006 às 13:33

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A noite de abertura da II Bienal de Música Brasileira Contemporânea de Mato Grosso, que ocorreu dia 15, foi marcada não só pelas peças de nomes consagrados como o da compositora homenageada, Marisa Rezende, mas também pelos trabalhos de jovens talentos. O grupo Sextante apresentou peças de Laedson Alves, Thiago Sanches, Natan de Castro, Gliciane Chiarelli, Alex Teixeira, Vanessa Rodrigues e Érica Luz. E a Orquestra de Câmara do Departamento de Artes da UFMT (OCDA), sob a regência de Flávia Vieira, tocou peça de Cristina Dignart. Vale lembrar que todos são formados pela UFMT.

O fato de todos serem jovens entre 21 e 27 anos mostra que a música contemporânea no Estado tem muito futuro. E apoio, pelo jeito, é o que não vai faltar. O presidente de honra da Fundação Júlio Campos participou da cerimônia de abertura, e disse que é de eventos como a Bienal que a área cultural de Mato Grosso necessita, onde há um canal sério para fortalecer a música de vanguarda. Outra que ressaltou a importância do evento foi a coordenadora da Bienal, compositora Beth Alamino. Para explicar melhor o que a Bienal significa pegou emprestado as palavras de Ludmila Brandão, que, em sua apresentação no catálogo de programação do evento, disse que a Bienal poderia ser traduzida como a obra/instalação do argentino Julio Le Parc, que viu em São Paulo em 2001.

Ludmila lembra que a instalação era um recinto mal iluminado por luzes estreboscópicas, o piso era coberto por um tablado articulado de inúmeros retângulos de madeira, com pequenas frestas entre eles, garantindo, a cada peça, independência de movimento. E, em cada peça desse assoalho, longe de sentir a segurança do chão antes de encontra-lo, a experiência era como um corpo assim submetido em iminente vertigem. É como ela comparou a sensação de ouvir música contemporânea. “Materialidade. Imprevisibilidade. Instabilidade”, disse Ludmila. Mas, com certeza, uma experiência que marca para sempre.

Talvez tenha sido esse conjunto coisas que atraiu uma platéia tão eclética à abertura. Entre as cerca de 450 pessoas que lotaram o auditório dos Pássaros do Centro de Eventos do Pantanal, nada de público de uma mesma segmentação. A platéia foi formada tanto por crianças de dois anos até senhores de 70 anos, passando por jovens estilosos. Além de artistas, músicos profissionais e estudantes que buscavam seu aperfeiçoamento profissional também havia gente comum que apenas gosta de boa música e fez questão de participar deste momento histórico.

Foi o caso da assistente de dentista Rosane Silva, que disse nunca ter tido contato com a música contemporânea, mas gostou do que ouviu, principalmente porque lhe abriu os sentidos para a música composta pelos sons do cotidiano. “Nada é certinho. Você vai se enlevando pelo som e de repente, algo explode”, explicou ela. De acordo com sua explicação, é como se a música mexesse o tempo todo com a platéia para tira-la do estado de letargia que acontece quando o som fica se repetindo. Para ela isso é muito interessante, pois o público fica sempre esperando o que surgirá de novo dentro de uma mesma peça. Nada é estático.

Outra que reafirmou sua paixão pela música contemporânea com o que viu no evento foi a violinista da Orquestra de Câmara do Departamento de Artes da UFMT, Caroline Kelly, de 17 anos. “Toco desde os 10 anos e, desde que conheci Roberto (Victorio, o compositor e idealizador da Bienal) estou cada vez mais convicta de que quero saber e fazer música contemporânea. É algo que instiga a explorar sempre o novo saindo da mesmice e Roberto é um mestre nessa arte”, avaliou.

Programação – Hoje (17), às 15h, tem palestra no Instituto de Linguagem da UFMT, sobre Música Desfragmentada, com Eli-Eri Moura, compositor, regente e teórico. Atualmente trabalha na Universidade Federal da Paraíba - UFPB, como professor dos programas de graduação e pós-graduação em música, e como coordenador do COMPOMUS (Laboratório de Composição Musical), do qual foi o idealizador. Às 17h o assunto é Estética da Sonoridade: Alguns pressupostos teóricos e algumas propostas, com o palestrante Didier Guigue, compositor de música acústica e eletrônica, que tem estilo eclético que abrange tanto a computer music experimental quanto o rock prog, onde podem aflorar referências afro-brasileiras, com enfoque, no entanto centralizado no que costuma se chamar de música eletroacústica. Quem encerra o dia é o concerto Novas Tecnologias, que apresenta música sem instrumentos, totalmente saída de laptops.





Fonte: 24HorasNews

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