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Internacional
Segunda - 23 de Outubro de 2006 às 21:57

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O recente teste nuclear da Coréia do Norte é "o grito de pedido de ajuda" de um país que tentará negociar para sobreviver, disse hoje o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed El Baradei.

ElBaradei qualificou o teste como "um revés" para o próprio regime norte-coreano de Kim Jong-il e para a estabilidade na região, mas acrescentou que, se a crise for bem adminsitrada, não acredita que desate uma escalada de proliferação nuclear na área.

"A Coréia do Norte se sente isolada e procura uma arma nuclear para poder negociar com força", disse ElBaradei, que participou de um debate sobre a energia nuclear na faculdade de Relações Internacionais da Universidade de Georgetown, em Washington.

No entanto, o diplomata egípc

zio, que foi agraciado com o prêmio Nobel da Paz de 2005 junto com a AIEA, advertiu sobre a possibilidade de um novo teste nuclear norte-coreano, que poderia fazer com que a comunidade internacional "repensasse" sua atitude.

ElBaradei disse que as sanções funcionam quando pretendem induzir uma mudança de conduta, mas não quando são utilizadas apenas como um castigo ao infrator.

"Nestas questões, o diálogo é um instrumento essencial para mudar as mentes e os corações, não deve ser uma recompensa", disse ElBaradei, que minimizou a importância do formato das conversas.

"O menos importante é se o diálogo é de seis lados (Coréia do Norte, Coréia do Sul, EUA, China, Japão e Rússia) como até agora, ou de qualquer outra forma. As conseqüências são muito importantes para serem reféns de como acontece a negociação", acrescentou.

A Coréia do Norte expulsou em 27 de dezembro de 2002 os últimos dois inspetores da AIEA, poucos dias antes de anunciar oficialmente seu abandono do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

Justamente por isso, o alto funcionário da ONU reconheceu que, em Pyongyang, a agência que dirige está "fora do jogo", pois se um país não está dentro do TNP, não pode ser obrigado a aceitar os inspetores e técnicos da AIEA.

ElBaradei comparou a crise norte-coreana à do Irã, mas destacou que este último caso é diferente e muito mais complexo.

Para o egípcio, o Irã quer projetar uma ideologia, enquanto a Coréia do Norte simplesmente luta para não morrer.

O melhor que os EUA podem fazer é normalizar as relações com Teerã, já que os iranianos pretendem obter o reconhecimento internacional de que são uma potência na região, segundo o diplomata.

ElBaradei confirmou que o Irã tem o "know-how" para elaborar uma arma nuclear, mas ainda não dispõe da capacidade industrial necessária.

"O Irã não precisa desenvolver armamento nuclear, mas quer demonstrar que pode fazê-lo. É melhor não falar de quais podem ser suas futuras intenções, porque no fim das contas pode acontecer o que ocorreu na Líbia (que desmantelou seu arsenal nuclear após ter sido um inimigo declarado dos EUA)", manifestou.





Fonte: EFE

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