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Cultura
Quinta - 19 de Outubro de 2006 às 00:28

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"Se com o pai o filho aprende boas lições e frases marcantes, com a mãe o que fica é o conjunto da obra", sintetiza Cristina Ramalho, autora do livro Aprendi com minha mãe (Editora Versar). Razão, emoção, doação. Mães sempre tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo - são tudo isso e mais um pouco. Mãe é mãe, todos sabem disso. Mãe acerta, mãe erra, mãe se culpa, mãe ama incondicionalmente, sempre achando que o filho é o mais lindo do mundo.

Mãe é muito diferente de pai, pois pai sorri quando o filho aprende, enquanto a mãe chora. Mães não são lembradas por um episódio, uma bronca ou elogio, mas pelo conjunto da obra, construído no dia-a-dia dos lares.

Essa é uma das conclusões da jornalista que reuniu no livro 52 depoimentos de atrizes, cantores, músicos, empresárias, chefes de cozinha, designers, atletas, escritores, jornalistas, padres e políticos. São nomes como o cronista Arnaldo Jabor, o fotógrafo Bob Wolfeson, o psicanalista Contardo Calligaris, as atrizes Cleyde Yáconis, Giovanna Antonelli e Sônia Braga, o economista Eduardo Gianetti, o senador Eduardo Suplicy, os cantores Fernanda Porto e Supla, o frade dominicano e escritor Frei Betto, o arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns, o estilista Ronaldo Fraga, os chefes de cozinha Sergio Arno e Carla Pernambuco e o escritor Ziraldo, entre outros. Todos responderam uma pergunta simples: Qual foi a lição mais importante que você aprendeu com a sua mãe?

Nos relatos, envolventes, mães de todos os tipos: mães-fadas, que criaram os filhos na pobreza absoluta e souberam inventar beleza no nada ao redor; mãe adotiva que abriu mão de qualquer coisa pela filha, em uma vocação maternal absurda; tem supermãe, que se reconhece como tal e gosta e mãe jovem e doente que preparou o filho caçula para entrar na escola e seguir seu rumo sem ela. Mães distantes, mas nem por isso ausentes em momentos decisivos. Mães que cantam, encantam, escrevem, cozinham e bordam, entrelaçando suas vidas nas de seus filhos de maneira inesquecível.

São depoimentos comoventes, relatos emocionados, de cumplicidade surgida em momentos difíceis, de compreensão extremada em gestos, quase sem palavras, lições de perdão e de luta após pequenas e grandes tragédias cotidianas. São belas histórias, algumas tristes, outras engraçadas, mas todas reveladas de forma franca, sem meias palavras, que desnudam episódios íntimos agora compartilhados com o leitor.

A mãe da Cleyde Yáconis, por exemplo, sem dinheiro nenhum, inventava teatro para as filhas não perceberem a fome na hora do aperto e no inverno, na falta de cobertor, usava seu corpo para esquentar o das filhas. A de Sônia Braga ensinou a ser otimista, sempre, enquanto a do Eduardo Suplicy atravessou o oceano para tirá-lo de uma roubada. A mãe da Costanza Pascolato, rica, nobre, arregaçou as mangas, fez uma tecelagem, mas foi dura demais com a filha. A da Luana Piovani a salvou, por telefone, do pavor no Japão. A do Ziraldo fazia versinhos e filosofava: "meu tempo é o tempo todo".

Como diz Cristina Ramalho, "são pequenas e grandes ternuras do dia-a-dia de filhos tão diferentes, mas tão iguais. Sentimento familiar de reconhecer docemente que em cada uma dessas mães há qualquer coisa da minha. São 52 histórias de mães que têm qualquer coisa da sua".




Fonte: Da Assessoria

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