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Internacional
Quinta - 28 de Setembro de 2006 às 10:53

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O corpo da imperatriz Maria Fiodorovna Romanov (1847-1928), mãe do último czar da Rússia, foi enterrado hoje em São Petersburgo, a antiga capital imperial, em uma cerimônia na qual estavam presentes os principais representantes da monarquia européia.

"Maria Fiodorovna não é só a imperatriz russa, mas o símbolo de milhares de mães que perderam seus filhos e netos enquanto brigavam nos dois lados na Revolução Bolchevique", disse Nikolai Romanov. Ele é membro da dinastia imperial que controlou o poder na Rússia entre 1613 e 1917.

O caixão com o corpo da mãe do czar Nicolau II foi sepultado em uma cripta na Catedral da Fortaleza de São Pedro e São Paulo, onde fica o panteão dos Romanov.

Desta forma, o corpo da imperatriz ficará junto ao de seu marido, Alexandre III (1845-94), e ao de seu filho, o último czar Nicolau II, fuzilado pelos bolcheviques junto com sua família em 1918.

Participarão da cerimônia os príncipes dinamarqueses Frederik e Mary, além de outros representantes das monarquias européias, como Constantino da Grécia, o príncipe Michael de Kent da Inglaterra e cerca de 50 membros da família Romanov.

Em seu testamento, a imperatriz disse que queria ser enterrada junto a seu marido. Em junho de 2001, a Casa Real da Dinamarca autorizou a exumação de seu corpo do cemitério da catedral de Roskilde, em Copenhague, para que fosse levado à Rússia.

"O coração da imperatriz sempre permaneceu na Rússia. Durante seus últimos anos de vida em Copenhague, ela se sentiu como uma emigrante", disse esta semana Margrethe II da Dinamarca.

O caixão chegou no navio da Marinha dinamarquesa Esben Snare à base naval russa de Kronstadt, no mar Báltico, vindo de Copenhague, cidade natal de Maria Fiodorovna e para onde fugiu após a vitória dos bolcheviques na Rússia.

Segundo alguns políticos e membros da Casa Real russa, a cerimônia é considerada por muitos um ato de "justiça histórica" e, embora possibilite que algumas feridas abertas na guerra civil russa sejam estancadas, não significa o encerramento definitivo deste capítulo da história do país.

A reabilitação do último czar como vítima da "repressão política" ainda está pendente nos tribunais. No entanto, o ministro da Cultura russp, Alexandr Sokolov, descartou a possível restituição dos bens dos Romanov desapropriados pelos bolcheviques após a Revolução Russa.

O corpo do último czar e os de sua família foram encontrados em 1979 e, após terem sido identificados, foram enterrados na fortaleza de São Pedro e São Paulo em 1998. O então presidente russo, Boris Yeltsin, assistiu ao enterro.

Quanto ao possível retorno da monarquia à Rússia, o príncipe Nikolai Romanov garantiu que "não há alternativa à democracia. Os russos devem decidir por eles mesmos".

A cerimônia, na qual as autoridades locais gastaram mais de US$ 1 milhão, começou esta manhã no suntuoso Palácio Peterhof e, logo após, o cortejo fúnebre foi para a residência de verão dos czares em Tsarskoye Selo (Pushkin).

Em seguida, o caixão foi levado à Basílica de São Isaac, conhecido como o templo dos Romanov, onde o patriarca ortodoxo russo Alexei II celebrou um serviço religioso.

"Hoje, rendemos tributo à memória da filha da Casa Real dinamarquesa. Maria Fiodorovna se dedicava muito à beneficência, era uma hábil diplomata e uma estadista", disse Alexis II durante a homilia.

O enterro na fortaleza de São Pedro e São Paulo, às margens do rio Neva, foi acompanhado pela benção do patriarca à alma da imperatriz, que chegou à Rússia há 140 anos para se casar com Alexandre III.

Depois de os participantes da cerimônia jogarem sobre o caixão terra trazida especialmente da Dinamarca, os canhões da fortaleza dispararam 31 salvas - correspondentes à idade da imperatriz quando ela chegou à Rússia.

Maria Sofia Dagmar nasceu em 1847 em Copenhague e se converteu à fé ortodoxa com o nome de Maria Fiodorovna para se casar com o então imperador russo, Alexandre III.

Após a explosão da Revolução, a czarina fugiu para a península da Criméia, onde residiu durante dois anos em meio ao assédio do Exército vermelho. Várias tentativas de monarcas europeus de dar asilo à imperatriz e a seu filho, como a de Alfonso XIII, fracassaram. Nicolau II estava, então, detido na capital.

Em abril de 1919, um navio da Marinha inglesa conseguiu tirar Maria Fiodorovna da Criméia junto com genros, netos e suas duas filhas.

Após uma breve estadia na Inglaterra, a imperatriz voltou a seu país de origem, onde viveu seus últimos anos.





Fonte: EFE

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