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Nacional
Sexta - 18 de Agosto de 2006 às 02:41

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Ana Beatriz Souza de Paula, 6 anos, não conseguiu comemorar o Dia dos Pais em família. Nem visitar o zoológico e começar a estudar balé, seu grande sonho. Seus planos, ainda inocentes, foram interrompidos para sempre na tarde do dia 7. Durante a aula de Educação Física, no Ciep Silvia Tupinambá, da rede municipal de Itaguaí (RJ), Bia caiu da arquibancada, bateu com a cabeça e teve traumatismo craniencefálico - foram quatro fraturas. A família da criança não foi avisada e Bia só recebeu os primeiros cuidados médicos quatro horas após o acidente. No fim da noite, a menina estava morta.

A família de Bia vai entrar com ação indenizatória contra a Prefeitura de Itaguaí, pedindo ressarcimento no valor de R$ 500 mil. A secretária de Educação, Andréia Cristina Marcello, garante que Ana Beatriz estava bem após o tombo. "Ela lanchou, participou de atividades e brincou. Apenas às 16h30 começou a passar mal".

Para Andréia, não há culpados: "Foi uma fatalidade. As professoras têm amor pelas crianças e o dever de protegê-las". Ela garantiu ainda que tomou conhecimento do acidente quando a menina deu entrada no hospital. "Tentamos transferi-la para outros hospitais, mas não havia vaga. Fizemos tudo para mantê-la viva".

"Quando cheguei para buscá-la na hora da saída, as professoras disseram para eu ficar calma. Mas Bia foi para o meu colo muito sonolenta. E soube que ela tinha caído, vomitado, reclamado de dor de cabeça e dormido um pouco. Mas não avisaram a gente de nada", revolta-se a madrasta Audinéia Soares, 22 anos. "Era só levantar a franja para ver que ela tinha um galo enorme", ressalta a mãe da menina, a babá Ana Paula Trajano, 28.

Apesar de haver um posto de saúde ao lado da escola, Ana Beatriz não foi levada para ser examinada. Meia hora após a chegada de Audinéia à escola, uma ambulância apareceu para levar Bia ao Hospital Municipal São Francisco Xavier, no Centro de Itaguaí.

Ao mesmo tempo, o pai da menina, o motorista Aloisio Barroco de Paulo, 27, correu para a unidade de saúde, já em desespero. "Quando vi minha filha, ela já estava em estado grave. Logo em seguida, teve parada cardíaca e me afastaram de Bia porque a cena era muito chocante", emociona-se Aloisio.

O pai, a madrasta e a irmã menor se mudaram da residência onde a família vivia porque não agüentaram conviver com as lembranças de Ana Beatriz na casa antiga. Ana Paula, mãe da menina, morava em Santa Cruz, onde trabalhava. Mas abandonou o emprego e voltou para Itaguaí para acompanhar as investigações. A 50ª DP (Itaguaí) abriu inquérito só ontem, para apurar lesão corporal seguida de morte.

Segundo o hospital em Itaguaí - sem neurocirurgião nem tomógrafo -, a menina precisava ser transferida para outra unidade. Apenas às 22h, ambulância a levou para o Hospital Municipal de Angra dos Reis. No meio do caminho, mais um drama: o veículo ficou parado 20 minutos na estrada porque um dos pneus furou. Professora sumiu v "Nós seguíamos de carro atrás. Quando a ambulância parou, tivemos a sensação de que Bia morreu", lembra Aloisio, com lágrimas nos olhos. Quando chegou ao hospital de Angra, Ana Paula ouviu do médico: "Ela deu entrada aqui já cadáver".

As causas do acidente, no entanto, não foram esclarecidas e nem de que altura Bia teria caído. A professora de Educação Física, identificada apenas como Adriane, não mais apareceu no colégio desde então. Segundo a secretária de Educação de Itaguaí, Andréia Cristina Marcello, Adriane não viu como Bia se machucou e comunicou à direção apenas que a menina teria caído. A primeira versão do acidente, registrada pelo boletim de ocorrência da 50ª DP(Itaguaí) relata que outra criança teria dado um empurrão em Ana Beatriz.




Fonte: O Dia

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