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Internacional
Terça - 25 de Julho de 2006 às 16:03

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O presidente americano, George W. Bush, recebeu nesta terça-feira na Casa Branca o primeiro-ministro iraquiano, Nouri al Maliki, para discutir a violência que assola o país árabe e anunciou a transferência de tropas dos EUA para Bagdá a fim de combater a onda de crimes na capital do país, onde a ameaça de uma guerra civil é latente.

Em sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu o cargo em maio, Al Maliki conversou com Bush por aproximadamente duas horas, quando analisaram meios para reduzir o banho de sangue diário que já levou algumas autoridades iraquianas a afirmar que o país está mergulhado numa verdadeira "guerra civil".

A crise se intensificou exatamente no momento em que a administração americana apresentou a posse do primeiro governo permanente eleito como o início de um "novo capítulo" no Iraque.

Como resultado do encontro, Al Maliki e o general americano George Casey, comandante da força multinacional no Iraque, "concordaram em postar tropas americanas e forças de segurança iraquianas suplementares em Bagdá dentro das próximas semanas", declarou Bush durante uma entrevista coletiva com o premiê iraquiano.

"Estas tropas virão de outras regiões do país", acrescentou Bush, destacando que a decisão não significava um aumento do contingente de cerca de 130 mil militares já presente no Iraque.

O reposicionamento será complementado por um reforço do equipamento das forças iraquianas, segundo Bush.

"Nossos comandantes militares disseram que esse reposicionamento será mais adequado às condições atuais no Iraque", justificou o presidente americano, constatando implicitamente o fracasso do plano de segurança elaborado em junho por Al Maliki.

De fato, apesar da mobilização de 50 mil iraquianos auxiliados por milhares de soldados americanos, os assassinatos e os atentados se multiplicaram em Bagdá.

O aumento da violência levou alguns dirigentes iraquianos a dizer que o país está em estado de guerra civil, uma expressão rejeitada por Bush e Al Maliki.

O primeiro-ministro iraquiano, porém, admitiu que o perigo existe. O plano de segurança elaborado por seu governo tem como principal objetivo acabar com a violência inter-religiosa e "se Deus quiser, não haverá guerra civil no Iraque".

De acordo com um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas), 5.818 civis morreram no Iraque em maio e junho.

Bush disse considerar a violência como "terrível" em Bagdá e como "difícil" em outras partes do Iraque. "Há outros lugares onde estamos progredindo", ressalvou.

O presidente americano não mostrou qualquer intenção de retirar suas forças do Iraque, apesar da pressão neste sentido de sua opinião pública.

"Al Maliki não quer que os americanos deixem seu país antes que seu governo possa proteger o povo iraquiano", disse Bush. "Dei a ele a garantia de que os Estados Unidos não vão abandonar o povo iraquiano", acrescentou o presidente americano.

Líbano x Israel

A guerra no Líbano ocupou uma parte do encontro no Salão Oval, já que Al Maliki, à frente de um país majoritariamente xiita, criticou energicamente na segunda-feira (24) a ofensiva israelense contra o movimento terrorista libanês Hizbollah, por ocasião de sua visita a Londres, antes de chegar a Washington.

"Eu não consegui encontrar justificativas para o que está acontecendo no Líbano", disse Al Maliki. "A destruição da infra-estrutura não é coerente com as regras da guerra", continuou o premiê.

Nesta terça-feira, Al Maliki expressou claramente sua divergência com Bush ao pedir um cessar-fogo imediato no Líbano.

As declarações de Al Maliki causaram mal-estar entre os parlamentares democratas americanos, que pediram ao premiê iraquiano que condene os ataques do movimento xiita libanês Hizbollah contra Israel e que reconheça em seu discurso, nesta quarta-feira (26), ante o Congresso dos EUA, o direito do Estado israelense de se defender.

"Para estar ao lado dos Estados Unidos, o senhor deve ficar contra o terrorismo. Antes de falar no Congresso e ao povo americano, fazemos uma pergunta muito simples ao primeiro-ministro: de que lado está na guerra contra o terrorismo?", questionou o senador Chuck Summer.





Fonte: Folha Online

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