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Polícia Brasil
Quarta - 24 de Maio de 2006 às 09:44
Por: Ligiane K.Silveira

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O Departamento de Polícia de Rodoviária Federal (PRF), por meio da 2ª Superintendência Regional em Mato Grosso, encaminhou nota à imprensa em que nega ter agido com violência ao cumprir a ordem judicial que determinava o desbloqueio da BR-163 por parte dos produtores rurais.

A acusação consta de uma moção de repúdio aprovada pela Câmara Municipal de Sorriso e de um dossiê que será entregue à Comissão da Agricultura da Câmara dos Deputados.

Na nota, a PRF argumenta que sempre utilizou do diálogo no processo de liberação da rodovia. "Durante todo o período em que aconteciam os bloqueios nas rodovias federais de Mato Grosso, a PRF manteve o diálogo com os manifestantes e a situação já perdurava por longo período, mas em nenhum momento houve qualquer tipo de ação por parte da PRF, mesmo estando esta recebendo diariamente reclamação dos usuários das rodovias que estavam sendo penalizados pelas manifestações e tendo cerceado seu direito de ir e vir".

Leia os principais trechos da nota:

A superintendência da PRF foi intimada através da Ordem Judicial nº 998/2006 SECRI expedida pelo juiz da 1ª vara federal da seção judiciária de Mato Grosso determinando a desocupação do leito da rodovia BR 163, nas localidades de Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop. Foi convocada uma equipe de policiais que se deslocou para a BR 163 a fim de cumprir a determinação judicial.

No dia 18 de maio, às 06h30 a equipe chegou a Lucas do Rio Verde, acompanhando o Oficial de Justiça que recebera a missão de cumprir o mandado. No local, após leitura da ordem de desocupação, os manifestantes retiraram as máquinas que bloqueavam a rodovia e liberaram totalmente a pista.

Após cumprir a missão a equipe da PRF e o Oficial de Justiça seguiram para o município de Sorriso. A abordagem em Sorriso aconteceu às 08h10m do dia 18 de maio. Inicialmente apenas três inspetores da PRF acompanharam o Oficial de Justiça que foi ao encontro dos manifestantes, fez a leitura da ordem judicial e determinou a retirada dos maquinários e veículos que estavam sobre a rodovia.

Os manifestantes alegaram impossibilidade dizendo não terem as chaves que fariam funcionar os veículos e máquinas e que se era para proceder a retirada, que a PRF o fizesse. Até às 10h50m, houve negociação no sentido de se proceder a liberação da rodovia, porém um grupo de manifestantes se mostrava irredutível.

Durante todo o período de negociação, a equipe da PRF manteve uma distância de cerca de 1 km (um quilômetro) do local. Ao receberem a informação de que as máquinas seriam retiradas, alguns manifestantes começaram a murchar os pneus dos veículos para evitar a retirada. A equipe da PRF foi acionada e se deslocou até o local.

Lá chegando, deparou com um manifestante, que além de murchar os pneus dos veículos retirava os fios da parte elétrica, atrapalhando o bom andamento da ordem judicial. Por não acatar as ordens emanadas, ele foi detido. Após a liberação da pista, três manifestantes começaram a derramar soja sobre a rodovia na tentativa de impedir o trânsito novamente.

Depois de derramar duas caçambas de soja e de abrirem a bica de descarga de outros caminhões, eles fugiram abandonando os veículos, mas foram perseguidos, detidos e conduzidos para o posto da PRF. O trânsito já voltava a fluir normalmente quando alguns manifestantes tentaram retirar à força um motorista de caminhão de sua cabina.

Neste momento um dos manifestantes foi detido mas outros tentaram impedir sua detenção avançando sobre os policiais, fazendo com que houvesse a necessidade do uso de munição não letal e de bombas de gás, para dispersar a multidão.

Houve uma tentativa de distribuição de vários cacetetes de madeira que estavam acondicionados na carroceria de um caminhão, porém os policiais agiram rápido e impediram que os artefatos fossem distribuídos entre os manifestantes. A PRF permaneceu no local até às 14h00 e em seguida se deslocou para o posto PRF de Sorriso. No dia 19 de maio, às 13h25m, a PRF chegou ao município de Sinop, acompanhando o Oficial de Justiça que iria promover a liberação da rodovia.

A equipe permaneceu a 01 km (um quilômetro) do local do bloqueio enquanto novamente três inspetores acompanharam o Oficial de Justiça no cumprimento da ordem judicial. Após a leitura feita pelo Oficial de Justiça, os manifestantes desocuparam a rodovia e o trânsito foi liberado. Quando retornava para o posto PRF por volta das 17h00, ao passar pelo local do bloqueio no município de Sorriso, a equipe da PRF deparou com vários pneus queimando sobre a pista e com algumas máquinas no acostamento. Fez-se necessário apagar o fogo e limpar a pista para liberar novamente o tráfego pelo local. As máquinas foram apreendidas e conduzidas para o posto PRF.

É com indignação que recebemos a notícia que versa sobre a moção de repúdio e o dossiê, pois antes da ordem judicial que determinava a liberação da BR 163, a PRF já havia promovido outra desobstrução em Novo Diamantino, na BR 364 utilizando-se apenas do diálogo, como também o fez em Lucas do Rio Verde e Sinop.

Porém, ao tentar executar sua missão em Sorriso, um pequeno grupo de manifestantes tentou obstruir a ação da PRF que cumpria determinação da Justiça Federal, fazendo com que fosse necessário agir de forma enérgica, mas sem em nenhum momento ser agressiva, truculenta ou violenta, pois sabemos que aquele foi um ato isolado de um pequeno grupo, já que a detenção dos cinco aconteceu em momentos distintos e grande parte dos manifestantes que estavam no local, demonstravam pretensão em acatar a decisão da Justiça.

Se assim não o fosse, em um local onde havia um número considerável de pessoas, não seriam apenas cinco os manifestantes detidos. Vale ressaltar que durante todo o período em que houve manifestações nas BRs do Estado, a Polícia Rodoviária Federal manteve o diálogo com os manifestantes, mesmo nos dias que os bloqueios também passaram a ser promovidos por caminhoneiros revoltados com a situação e chegaram ao total de 18 pontos bloqueados.

As liberações sempre aconteceram de forma pacífica e através do diálogo e não apenas nos municípios localizados ao longo da BR 163, mas também nos municípios de Rondonópolis, Comodoro, Sapezal, Nova Xavantina, Água Boa, Barra do Garças, Primavera do Leste, Campo Verde, Pontes e Lacerda.

Se houveram bloqueios em tantos locais do Estado nos últimos dias e a PRF sempre esteve presente nesses locais dialogando a promovendo a liberação da pista, por que iria agir de forma enérgica apenas em Sorriso?





Fonte: Folha do Estado

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