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Internacional
Segunda - 20 de Março de 2006 às 23:25

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A instabilidade política e os conflitos armados aumentam a crise pela escassez de recursos hídricos no Oriente Médio e no Norte da África, a região mais árida do planeta e mais rica em petróleo, segundo um relatório apresentado hoje no IV Fórum Mundial de Água, no México.

Formada por 18 países que vão da Mauritânia, na costa atlântica da África, até Omã, no Golfo Pérsico, passando por Iraque, Irã, Síria e Sudão, essa região enfrenta um grave problema de acesso à água potável e ao saneamento adequado, que chega a ser extremo na Somália e no Iêmen.

A região, com uma superfície de 14 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 87% são desertos, padece de uma crescente escassez de recursos hídricos, apesar da presença de rios internacionais, como o Nilo, o Senegal, o Tigre e o Eufrates.

A população dessa ampla região, com 325 milhões de pessoas, equivalente a menos de 5% dos habitantes do mundo, cresce a uma taxa anual de 3% e só recebe 1% dos recursos hídricos renováveis do planeta, calcularam analistas e o relatório regional apresentado na Cidade do México.

Ao apresentar o relatório, o presidente do Conselho Árabe de Água (AWC), Mahmoud Abu-Zeid, disse que o Oriente Médio e o Norte da África enfrentam o desafio de "melhorar a governabilidade na gestão dos recursos hídricos para obter maior cooperação internacional e caminhar rumo à prosperidade e à paz".

Por sua vez, o Banco de Desenvolvimento Islâmico avaliou que a região deverá investir mais de US$ 120 bilhões nas próximas décadas para corrigir "o atraso institucional e na infra-estrutura, dada a pressão demográfica e a escassez de água".

O relatório ressalta que, até muito pouco tempo atrás, "a gestão dos recursos hídricos na região se caracterizava por um enfoque no fornecimento não integrado, no qual cada setor usuário de água tendia a atuar de maneira independente".

"A vulnerabilidade que surge da alta taxa de dependência de recursos compartilhados e externos aumentou devido à instabilidade política e aos conflitos que existiram em algumas partes da região", enfatizou o relatório.

Colonizada no passado por britânicos, franceses e italianos, e agora com um forte presença militar dos Estados Unidos, essa região padeceu na segunda metade do Século XX diversos conflitos, alguns vinculados especificamente à água e ao petróleo.

O relatório enfatizou que as recentes guerras promovidas pelos EUA no Golfo Pérsico afetaram "seriamente a economia da Ásia Ocidental".

"Além disso, as estruturas hidráulicas e de irrigação no Iraque (ocupado por tropas americanas, britânicas e de outros países) sofreram sérios danos, quando deveriam estar protegidas pela lei internacional", ressaltou o relatório apresentado no Fórum.

O documento informou também que a disponibilidade dos recursos de águas superficiais na Síria, Iraque e nos territórios palestinos se reduziu devido a conflitos nas dotações do líquido dos rios e aqüíferos compartilhados com países vizinhos, "o que levou a adiar em 30 ou 40% os esquemas agrícolas planejados".

A região do Oriente Médio e Norte da África enfrenta o desafio de integrar-se mais, compartilhar seus recursos hídricos e inovar sua tecnologia em desalinização e agricultura biossalina, entre outros assuntos, segundo o relatório.

Além disso, os países dessa região deverão permitir a participação privada no desenvolvimento da agricultura de irrigação em grande escala, como um mecanismo para garantir a segurança alimentícia, recomendou o relatório.





Fonte: EFE

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