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Internacional
Sábado - 18 de Março de 2006 às 12:30

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A guerra aniquilou a máquina do Estado ditatorial de Saddam Hussein, inclusive sua Polícia e seu Exército, mas a destruição também foi sentida na infra-estrutura e na segurança, e levou o Iraque a mergulhar no caos.

A ofensiva militar, que começou com um intensivo bombardeio aéreo na noite de 19 para 20 de março de 2003 e continuou durante três semanas, deixou em ruínas várias instalações vitais do país, apesar de os estrategistas da aliança liderada pelo Estados Unidos terem tido o cuidado de salvar a vital indústria petrolífera.

A dissolução do Exército, da Polícia e dos serviços de inteligência foi uma das primeiras decisões do então "governador" americano do Iraque, Paul Bremer, para acabar com qualquer relação com a ditadura de Saddam, que comandou o país com mão de ferro durante mais de duas décadas.

Em princípio, muitos iraquianos reagiram à decisão com alegria, como haviam recebido os "libertadores", mas pouco a pouco foram vendo o país se afundar em uma enorme anarquia na qual dispararam a criminalidade e a violência com motivações políticas.

Não se sabe se a Al Qaeda tinha alguma presença no Iraque de Saddam - como os EUA argumentavam ao lançar a guerra -, mas a organização liderada por Osama bin Laden aproveitou o caos do pós-guerra para usar o país para seu ajuste de contas com os americanos.

Centenas de extremistas islâmicos, quase todos árabes, se instalaram no novo Iraque aproveitando a porosidade da fronteira iraquiana com os seis países vizinhos.

Os "jihadistas" (combatentes islâmicos) se aliaram em diversos casos a grupos insurgentes da comunidade sunita, na qual se apoiava o regime do Baath, partido único de Saddam, e tornaram alvos de seus ataques as novas Forças de Segurança iraquianas, as tropas da coalizão multinacional e as instalações vitais do país.

Dezenas de ataques foram realizados contra estações de tratamento de água, antenas de telefonia celular, centrais de energia elétrica e instalações petrolíferas, especialmente os oleodutos que transportam o petróleo iraquiano a outros países através da Turquia e os lances que levam o produto a Bagdá para o consumo local.

Segundo os analistas, os grupos insurgentes pretendem, com estes ataques, instalar no Iraque uma sensação de caos para transformar a ocupação americana em um inferno e impedir os iraquianos de confiar em um Governo que não garante sua segurança.

A dureza e a continuidade dos ataques com carros-bomba e das minas escondidas nas beiras das estradas para explodir quando passassem patrulhas militares ou policiais tornaram qualquer estrada ou rua um risco permanente. Muitos civis foram mortos "acidentalmente" pelas bombas.

A situação demonstrou que a decisão de Bremer de dissolver o Exército e a Polícia foi "um erro estratégico", pois obrigou o Governo interino a se concentrar na construção de novas forças de segurança, até o momento incapazes de restabelecer a ordem, disse à EFE o analista militar iraquiano Mohamad al-Askari.

"Quem paga o preço agora é o cidadão iraquiano", acrescentou.

Segundo o site "iraqibodycount.org" (que conta o número de vítimas civis no país árabe), entre 33.600 e 37.700 civis iraquianos morreram devido à violência desde o início da invasão. A eles ainda devem ser somados os milhares de policiais e militares das novas forças iraquianas.

Longe de diminuir, a violência parece crescer. Se no primeiro ano do pós-guerra (março 2003-março 2004) 20 pessoas morreram de forma violenta por dia, em média, no terceiro ano esse número subiu para 36, segundo o mesmo site, feito nos EUA por críticos do governo George W. Bush e da ocupação do Iraque.

Os Estados Unidos e seus aliados também não se livraram da virulência dos insurgentes e perderam, em ataques e acidentes, cerca de 2.500 soldados, entre eles 2.310 americanos, 103 britânicos, 27 italianos, 18 ucranianos, 13 espanhóis, 11 eslovacos e três dinamarqueses.

Além disso, pelo menos 200 civis estrangeiros e milhares de iraquianos foram seqüestrados por grupos radicais desde 2003. Pelo menos 45 reféns não-iraquianos foram executados, e vários continuam retidos.





Fonte: EFE

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