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Internacional
Sexta - 17 de Março de 2006 às 20:40
Por: Will Dunham

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Perguntaram recentemente ao secretário da Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, arquiteto e defensor incansável da guerra no Iraque, como ele acha que a história vai tratá-lo.

"Não tenho a menor idéia. Mas preciso dizer: não estou preocupado", disse Rumsfeld, diante da imprensa de Washington. "Posso dizer uma coisa com certeza", acrescentou ele. "As pessoas que escrevem as notícias de hoje, de amanhã e de depois de amanhã não estão escrevendo a história. Vai levar algum tempo, um pouco de perspectiva".

O energético Rumsfeld, 73, está próximo de ultrapassar o chefe do Pentágono na época da Guerra do Vietnã, Robert McNamara, como o secretário da Defesa que mais tempo permaneceu no cargo.

Seus admiradores vêem Rumsfeld como um patriota que revigorou as Forças Armadas, debilitadas pela falta de financiamento dos anos 1990, que criou planos de guerra inovadores, capazes de derrubar os líderes do Taliban no Afeganistão e o presidente Saddam Hussein no Iraque, e que permanece atento para a ameaça do terrorismo.

Seus adversários vêem Rumsfeld como um militarista afobado que pôs a perder o plano de ocupação do Iraque, não previu que haveria uma insurgência sangrenta, enviou soldados para o combate sem equipamento suficiente, pôs em risco a viabilidade das Forças Armadas voluntárias e arruinou a reputação do país ao permitir os maus-tratos a prisioneiros.

"Ele é definitivamente um dos secretários da Defesa mais intrigantes que já tivemos, e não por ser um dos mais duradouros", disse o analista Michael O''Hanlon, do Instituto Brookings. "Ele é uma pessoa inerentemente polarizadora, numa época de polarizações."

Assim como o Vietnã definiu o legado de McNamara, o de Rumsfeld será determinado pelo Iraque, seja para o bem ou para o mal, afirmam analistas.

"Acho que se trata da guerra de Rumsfeld, e acho que Rumsfeld acredita que seja a guerra de Rumsfeld", disse James Carafano, especialista da Fundação Heritage, e para quem o legado do secretário depende do fato de os iraquianos conseguirem ou não assumir o controle de seu próprio país.

Rumsfeld reconheceu que a situação no Iraque é "muito difícil", devido à incerteza política e à violência sectarista. Mas não hesita em defender o confronto, no qual mais de 2.300 soldados norte-americanos pereceram, classificando-o como uma medida que deixou os EUA mais seguros.

"Imagine o que seria o mundo se, sempre que as coisas parecessem estar erradas ou ficassem mais difíceis que o planejado, os americanos e seus líderes daquela geração simplesmente jogassem a toalha, em vez de perseverar", disse ele.

A analista Loren Thompson, do Instituto Lexinton, traçou um paralelo entre Rumsfeld e McNamara, que ocupou a chefia do Pentágono entre 1961 e 1968. Para ela, ambos pretendiam transformar as Forças Armadas, mas acabaram dedicando-se à guerra.

Rumsfeld queria que as Forças Armadas ficassem mais enxutas e fossem reforçadas por mais tecnologia e forças especiais de elite.

"O problema é que a visão futurista da guerra de Rumsfeld não tem muito a ver com a ameaça imposta pelos terroristas", disse Thompson. "De que outra forma pode-se explicar que o maior e mais rico Exército do mundo esteja amarrado por meia dúzia de insurgentes? A tragédia real do fracasso de Rumsfeld é que ele acabou dando a cada extremista do mundo a receita de como encurralar os EUA".

Rumsfeld é um dos poucos secretários do presidente George W. Bush que está no cargo desde a posse do primeiro mandato. Ele também ocupou o cargo entre 1975 e 1977, no governo de Gerald Ford. Mas chegou a entregar a carta de demissão a Bush duas vezes em 2004, em meio ao escândalo dos maus-tratos de presos em Abu Ghraib. Bush recusou.





Fonte: Reuters

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