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Internacional
Sexta - 17 de Março de 2006 às 18:30

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O movimento islâmico Hamas estará sozinho no Governo que apresentará amanhã, sábado, ao presidente da ANP, Mahmoud Abbas, após não obter resposta alguma dos partidos a que tinha oferecido participação no novo Executivo, entre eles o Fatah.

"Após apresentar a composição do novo Governo ao presidente, o Hamas pedirá o apoio do Conselho Legislativo (Parlamento palestino), provavelmente na segunda ou terça-feira", informou à EFE o porta-voz do movimento islâmico, Salah Al Bardawil.

Al Bardawil se negou a revelar qualquer detalhe sobre a identidade dos ministros, mas confirmou que "nenhum outro partido respondeu favoravelmente" à oferta de um Governo de coalizão.

Isso significa que o próximo executivo da ANP será formado integralmente por membros do Hamas e por técnicos escolhidos entre os seus simpatizantes.

Segundo a legislação palestina, o presidente deve ratificar as nomeações e só então elas serão submetidas à votação no Parlamento, onde o Hamas não terá problema algum, pois conta com o apoio de 74 dos 132 deputados.

A decisão de apresentar um Governo formado unicamente por membros do partido foi conseqüência da negativa do Fatah de participar do novo Executivo palestino. A recusa foi decidida na noite de quinta-feira, pelo Comitê Central.

Fontes do Fatah disseram que "foi impossível superar as diferenças" e que o Hamas não quis ouvir os pedidos que a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), a Palestina Independente, a Lista Alternativa e o próprio Fatah haviam feito.

Segundo Azzam Al Ahmed, porta-voz da bancada parlamentar do Fatah, o Hamas devia responder a uma série de perguntas feitas após a segunda rodada de negociações. Mas na terceira rodada, realizada na quinta-feira, ainda não tinham mudado o seu programa político.

Entre as reivindicações estão o reconhecimento do status da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) como representante suprema do povo palestino em nível internacional.

O Hamas não faz parte da OLP e em seu programa político preferiu evitar qualquer referência à organização, que assinou todos os acordos de paz com Israel e é reconhecida pela ONU como representante internacional dos palestinos.

É a OLP, por exemplo, que tem status de observador na ONU, e não a Autoridade Nacional Palestina (ANP), um simples produto do Processo de Oslo, negociado entre 1993 e 2000.

Outra divergência que impossibilitou um acordo entre as posturas do Fatah e as do Hamas é precisamente o respeito aos acordos assinados com Israel, e que deram vida à ANP.

O Fatah defende que a legitimidade dos palestinos e de sua reivindicação de um Estado se origina desses acordos, que lhes permitem receber o reconhecimento da comunidade internacional.

Para Al Ahmed, um programa político que não contemple esses assuntos "não é realista" e pode ameaçar os interesses palestinos na comunidade internacional.

Assuntos como o status da mulher na sociedade palestina e a legislação religiosa, que introduz a Sharia (lei islâmica) como fonte de jurisprudência, também impediram a formação de um Governo de união nacional.

Ainda assim, o porta-voz do Hamas espera que até amanhã alguma pequena formação política com representação no Parlamento se alie ao Governo.

O novo Governo será apresentado pelo Hamas ao mesmo tempo que um grupo de dirigentes do Fatah pede que Abbas renuncie e dissolva a ANP como entidade política. Com isso, entregaria a responsabilidade pelo povo palestino a Israel e à comunidade internacional.

A sugestão foi feita pela primeira vez há várias semanas, e voltou a ser ouvida na reunião do Comitê Central do Fatah, quinta-feira.





Fonte: EFE

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