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Sábado - 25 de Fevereiro de 2006 às 11:05

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A reportagem do Jornal Nacional que denunciou dois médicos de São Paulo que receitam tratamento ilegal com células-tronco, descobriu o terceiro que utiliza da prática para enganar pacientes com a busca pela cura. Trata-se de César Maksoud, de Campo Grande (MS), que cobrava aproximadamente R$ 1,5 mil pelo tratamento.

As promessas do tratamento são para retardar o envelhecimento, evitar e curar doenças, onde os pacientes se beneficiariam da célula. De acordo com a reportagem, toda uma estrutura foi montada para enganar os pacientes. São endereços nobres, clínicas bem equipadas, páginas na internet, que dão credibilidade aos médicos.

A clínica de Maksoud, em Campo Grande, é uma das que oferecem terapia com células-tronco e, por telefone, a secretária confirmou à reportagem e passou o valor do tratamento: aproximadamente R$ 1,5 mil.

O médico, que foi gravado por uma câmera escondida num restaurante, foi informado do caso de uma criança com paralisia cerebral, inventado pela reportagem. Ele disse que conseguiria a célula-tronco para tratamento da criança. Enfatizou que no Brasil apenas três médicos utilizam este método, que nem menciona como sendo células-tronco devido a incredibilidade de outros profissionais.

Maksoud diz acreditar no método por ter curso de Medicina Quântica, além de nutrologia médica. Outros médicos usam referência de instituições de prestígio para afirmar o tratamento, como a Dra. Shirley, que se diz da Escola Paulista de Medicina, Unifesp. Ela alegou que o departamento em que trabalhava, da Unifesp, ficava em Mato Grosso. A instituição negou que a doutora tenha trabalhado lá e que exista algum departamento em Mato Grosso.

Os médicos denunciados receitam um pó, que dizem conter células-troncos, oriundo da Alemanha e China. Maksoud alerta ainda para o risco do tratamento cair nas mãos de qualquer fornecedor. “Tem uns picaretas aí que encomendam da Argentina alguma coisa. Terminam matando o paciente”, diz.

O pó que eles vendem aos pacientes não tem registro na Anvisa. O diretor do órgão, Claudio Maierovitch, informa que no caso da venda ou da utilização de drogas que são irregulares no país, que são clandestinas ou mesmo falsificadas, existe a previsão de enquadramento como crime hediondo.

O médico cita ainda, na gravação, que tem outras duas crianças que deixaram de ser excepcionais após o tratamento, que teriam até 90% das funções, o que significaria que de alguma forma houve uma regeneração celular.

A Dra. Shirley fala de uma paciente de 40 anos no Hospital das Clínicas, com artrite reumatóide, endurecida sem andar na cadeira de rodas, que apareceu e ela fez o tratamento, pois não tinha a perder. Ela cita que a partir de então, a paciente está andando.

A empresária Lucila Medeiros, que tem a mãe com câncer, diz que o médico que tratou da filha dela também ofereceu esperança para a mãe. “Eu comentei que minha mãe está com câncer, ele falou: ‘Traga sua mãe que muitos casos têm cura’”, relata.

Nenhum dos três médicos denunciados faz parte das equipes autorizadas a pesquisar células-tronco no Brasil.

Foram denunciados Fernando Requena, Shirley de Campos, ambos de São Paulo, e o Maksoud, de Campo Grande. Especialistas alertam que enquanto um tratamento está fase de estudo não pode ser cobrado e que não existe ainda este tipo de método utilizando células-troncos em pó.





Fonte: Diário da Serra

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