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Politica Brasil
Terça - 21 de Fevereiro de 2006 às 15:26

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Os casos de ferrugem asiática da soja, que já somam 968 focos no Brasil na atual safra, devem continuar crescendo no país pelo menos até o final de fevereiro, ameaçando agora as lavouras mais tardias, avalia a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

"O que vemos é mais gente atenta no campo", disse Cláudia Godoy, fitopatologista da Embrapa Soja, comentando o significativo aumento de focos em relação à safra passada (459 ao todo).

"Até janeiro, foi relativamente tranquilo. A ferrugem deve pegar agora a soja mais tardia", acrescentou ela, lembrando que apesar do aumento de casos em janeiro (552 apenas no mês passado), isso "não quer dizer que a doença esteja fora de controle".

De acordo com a especialista, em alguns Estados, como Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e algumas em regiões de Mato Grosso, os agricultores reportaram um aumento do número de aplicações de fungicida.

"Isso (o crescimento dos casos) representa mais aumento de custos de produção", disse Cláudia, lembrando que naquelas regiões estão sendo feitas entre três a quatro aplicações, contra uma média que varia de uma a duas ações preventivas.

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), com sede no interior de São Paulo, cada aplicação aumenta os custos de produção em 50 reais por hectare.

"A soja que está maturando já escapou da ferrugem, o problema está na lavoura que se encontra em enchimento de grãos", disse a fitopatologista.

"O grosso da ferrugem costuma ocorrer em janeiro e fevereiro", observou ela, destacando que choveu mais em fevereiro, e o risco de a doença "explodir" é maior do que em janeiro, quando várias regiões tiveram um veranico (a doença se propaga mais em clima quente e úmido).

Até o início da segunda quinzena deste mês, 177 focos de ferrugem tinham sido notificados em fevereiro.

O engenheiro agrônomo Daniel Dias, analista do Instituto FNP, concorda com a fitopatologista da Embrapa e salienta que, "grosso modo,, 50 a 60 por cento das lavouras das principais regiões produtoras estão em fases suscetíveis de floração e enchimento de grãos".

Dias explicou que a ferrugem é de fácil identificação e os agricultores também sabem como combatê-la. Para ele, a questão é realizar aplicação do fungicida no momento certo.

"Com isso é possível salvar custos", salientou ele, ressaltando que nem todo mundo, às vezes por questões operacionais, consegue aplicar na hora correta.

"Muitas vezes chove no momento da aplicação, adiando a conclusão dos trabalhos, às vezes o trator quebra. O problema para combater a ferrugem não é técnico nem químico, é operacional."

De acordo com levantamento divulgado pelo Ministério da Agricultura no início do ano, o Brasil deixou de colher 4,5 milhões de toneladas de soja na safra passada por causa da ferrugem.

O analista do FNP pondera, no entanto, que esse tipo de estimativa de perdas em decorrência da ferrugem é difícil de ser realizado, pela variação de prejuízos de uma lavoura para outra.





Fonte: Reuters

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