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Quarta - 08 de Fevereiro de 2006 às 15:25

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Histórias, tradições passadas há mais de quatro gerações e muito simbolismo religioso. Estes são alguns dos elementos que marcam a igreja Nosso Senhor dos Passos, considerada por tradicionais famílias cuiabanas que moram no Centro Histórico de Cuiabá.

Aos 79 anos vividos sempre na rua Pedro Celestino, a cuiabana Elza Pacheco se declara emocionada por ver a igreja, onde batizou os filhos e realizou o sonho de casar duas das filhas, totalmente recuperada. “Não falto a uma missa nessa igreja. É um lugar de muitas histórias, pois minha parte da história religiosa da família foi celebrada e comemorada aqui”, conta dona Elza.

Para a superintendente regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Salma Saddi, as obras da igreja constituem em sua maior parte uma verdadeira restauração, pois muito estava deteriorado, possibilitando o resgate de um elemento do Patrimônio Cultural que denuncia a razão de existência de vários séculos de história.

“Hoje é com muita alegria que estou diante dessa igreja tão simbólica, que com um trabalho também digno nos mostra o quanto é importante a divisão do que temos com quem tem menos”, afirmou Salma, ao se referir ao trabalho da Pastoral de Rua. “Algo de concreto foi feito com essa importante parceria entre os governos, para que essa edificação siga em busca da eternidade, enriquecendo a paisagem da futura Cuiabá, pois o ‘ tempo não pára’".

A cuiabana nascida no bairro do Areão, dona Belinha, ficou entusiasmada de ver a igreja por onde passava diariamente para ir ao trabalho com o novo aspecto. “É uma grande honra ver a igreja assim, pois aqui era caminho da roça para mim. Estamos agradecidas por essa beleza restaurada. Os cuiabanos não poderiam receber melhor presente de um governo que está respeitando os compromissos que assumiu com nossa Cuiabá”, disse.

Os agradecimentos são os mesmos de Dalva Soares, Janice Barbosa e Lurdes Peixoto, todas moradoras do Centro Histórico de Cuiabá. Elas contam das tradicionais missas ao meio-dia celebradas pelo pároco já falecido, padre Wanir Delfino César, que está sepultado no templo. “Foi com imensa felicidade que recebemos esse presente tão querido, ver nossa igreja tão bela”, afirmaram.

Representando o Senadinho, grupo que reúne membros de tradicionais famílias cuiabanas, Renato Ramos Calhao agradeceu ao governador Blairo Maggi durante a reinauguração da igreja o carinho e respeito demonstrados com a ‘cuiabania’.

“O descaso e deterioração vividos no Centro Histórico começam aos poucos a ser superados com a iniciativa do Governo. Isso traz desdobramentos positivos para o comércio da região e também à cultura e ao turismo, além da importância que representa para as tradicionais famílias cuiabanas”, destacou Calhao, citando nomes como de dona Ducarma, Vicente Latorraca, Miguel Seror, Cesarino Delfino César, Olegário Moreira de Barros, Geninha e Bernadete, Vasco Ruiz Palma, cuiabanos já falecidos que cresceram e viveram no centro da Capital.

“Onde quer que estejam sentem-se alegres por ver que o Centro Histórico está ressurgindo das cinzas e, em um futuro próximo, veremos restaurado completamente nosso Centro Histórico, processo esse conduzido por dinâmico Governo”, reafirmou.

HISTÓRIA - A igreja foi construída na rua Sete de Setembro, que no século XVIII era conhecida por Rua do Oratório por ali se localizar no mesmo lugar do templo um oratório dedicado a Nossa Senhora do Rosário.

Segundo Eduardo Etzel, no livro “O Barroco no Brasil”, os devotos de Senhor dos Passos encomendaram uma imagem para ser venerada na antiga Matriz, porém não foi permitida a construção de uma capela própria. Insatisfeitos, os devotos foram aos poucos construindo a capela e, no ano de 1792, legalizaram a construção, em um processo datado de 05 de maio.

Conforme relatos históricos de Joaquim Moutinho em livro de 1869, a igreja de Nosso Senhor dos Passos foi construída para pagar uma promessa feita pelo comerciante português José Manuel, que vítima de catalepsia (estado de morte aparente), foi sepultado vivo e depois de conseguir escapar do túmulo prometeu arrecadar recursos para a construção do templo.

As primeiras obras descritas como sendo de reconstrução e ampliação da igreja datam de 1900, quando o templo foi abençoado pelo bispo Dom Carlos Luiz D’Amour.

Em março de 1952, a igreja foi atingida por um incêndio ocorrido no centro. A lateral externa esquerda teve que ser totalmente reconstruída, obra conduzida pelo padre Wanir Delfino.

Subordinada diretamente à paróquia da Catedral Bom Jesus de Cuiabá, a igreja foi repassada em 2000 à Pastoral de Rua.

As obras de restauração tiveram a importante participação do grupo pastoral que trabalha na igreja. A Associação de Auxílio aos Moradores de Rua Nosso Senhor dos Passos (Anospa) auxiliou na captação de recursos por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. O espaço onde a associação realiza as atividades de pastoral foi também reformado, permitindo melhores condições de atendimento aos moradores de rua. A Anospa é coordenada por Rosangela Resende e o pároco da igreja Aloir Picini.





Fonte: Secom - MT

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