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Internacional
Segunda - 23 de Janeiro de 2006 às 18:05

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O primeiro presidente indígena da Bolívia, Evo Morales, recorreu aos socialistas, a índios, a ativistas e a mulheres para formar seu gabinete na segunda-feira, um dia após a posse, e ordenou a eles que arranquem a corrupção pela raiz e adotem um novo modelo econômico de esquerda.

Quando os 12 homens e 4 mulheres foram empossados por Morales, alguns tinham o punho esquerdo erguido, outros mantinham a mão sobre o coração e alguns faziam os dois gestos. Foi o primeiro ato oficial do presidente.

"Quero corrupção zero, burocracia zero, nada de ''volte amanhã''. As pessoas estão cansadas disso", disse Morales, vestindo a malha listrada que virou símbolo de seu estilo informal.

Morales excluiu do gabinete os tecnocratas que costumavam ocupar os postos nos governos da elite, preferindo ministros originários dos movimentos de base.

Escolheu um intelectual índio aymara, como ele, para ministro das Relações Exteriores, um líder comunitário para cuidar dos recursos hídricos e um analista do setor de energia e jornalista para comandar a indústria dos hidrocarbonetos.

"Vocês precisam cumprir o mandato determinado pelo povo, de mudar democraticamente o modelo econômico neoliberal e de solucionar problemas estruturais e sociais", disse Morales.

O ex-líder cocaleiro e seu Movimento ao Socialismo conquistaram 54 por cento dos votos nas eleições de 18 de dezembro, a maior vitória desde a retomada da democracia na Bolívia, em 1982.

Assim como outros líderes de esquerda da América Latina, Morales tirou proveito da rejeição popular às políticas do livre mercado patrocinadas pelos Estados Unidos nos anos 1990, mas que não tiveram grande impacto na redução da pobreza.

A Bolívia é o país mais pobre da América do Sul, com cerca de dois terços da população vivendo na pobreza, a maioria de origem indígena.

O novo ministro da Mineração, Walter Villarroel, participa de uma cooperativa de mineradores e usou seu capacete na cerimônia. O ministro das Relações Exteriores será o índio David Choquehuanca. Abel Mamani, líder da combativa cidade de El Alto, será o responsável pelos recursos hídricos. Foi ele que organizou os protestos contra a empresa francesa de abastecimento Suez, pela má qualidade nos serviços.

O Ministério dos Hidrocarbonetos ficará nas mãos do analista e jornalista Andres Soliz Rada, que defende o direito dos 9,4 milhões de bolivianos de ter acesso ao gás natural, antes que se embarquem em grandes planos de exportação. Ele terá a difícil missão de renegociar os contratos com empresas estrangeiras como a Petrobras e a Repsol, que investiram 3,5 bilhões de dólares na Bolívia.

Morales já disse que quer nacionalizar a indústria de gás natural, mas sem confiscar os bens das empresas.





Fonte: Reuters

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