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Internacional
Terça - 17 de Janeiro de 2006 às 17:32

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O presidente eleito da Bolívia, Evo Morales, disse hoje em Buenos Aires que, apesar das discussões por causa do preço do gás exportado por seu país, ele considera a Argentina um "aliado" para resolver os problemas energéticos da região. Em uma rápida visita a Buenos Aires, o líder socialista se reuniu com o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, e foi saudado em frente à Casa Rosada, sede do Governo, por um grande número de bolivianos que vivem no país.

Morales, que assumirá a Presidência da Bolívia no próximo domingo, afirmou que "os temas relacionados à cooperação e à relação bilateral com a Argentina começarão a ser discutidos na semana que vem", quando seu gabinete de ministros já estiver em atividade.

O chefe do Movimento ao Socialismo (MAS) negou que, durante o encontro com Kirchner, os dois tenham discutido a questão dos preços e dos volumes de gás natural exportados pela Bolívia à Argentina, como ele já tinha antecipado em La Paz nos últimos dias.

"Estamos bastante interessados em fortalecer os acordos energéticos (com a Argentina). Temos muito interesse em aumentar os volumes de exportação e também em melhorar o preço, mas vamos discutir este tema quando o gabinete começar a trabalhar", ressaltou.

A Argentina tem o envio de gás da Bolívia garantido até o fim deste ano, com um nível de cerca de sete milhões de metros cúbicos diários a US$ 3,18 por milhão de BTU (Unidade Térmica Britânica).

Os dois países também analisam há alguns meses a assinatura de um convênio de exportação de aproximadamente 20 milhões de metros cúbicos de gás diários a várias províncias do nordeste argentino, fornecimento para o qual é preciso construir um gasoduto.

Em entrevista coletiva, Morales disse que, durante a reunião com Kirchner, ele foi informado de que "está sendo construído um gasoduto para La Quiaca", cidade do norte argentino, perto da fronteira com a Bolívia, o que para ele "beneficiará os bolivianos".

"Não é apenas uma questão de discutir se os preços vão subir ou não. É preciso prevenir o futuro, pois a questão energética será um dos temas do milênio, como a da água, e deve ser resolvida", disse.

"Nesse contexto, tenho o presidente da Argentina como aliado.

Kirchner falou com (o chefe de Estado da Venezuela, Hugo) Chávez que é preciso fazer uma aliança estratégica com base nos Estados e nos Governos para resolver o tema energético" na região.

Morales também disse que uma das tarefas que seu Governo deverá enfrentar "será resolver o problema energético interno" da Bolívia.

"Não é possível que o boliviano viva do gás sem ter acesso ao produto. Isso tem que acabar", ressaltou.

Morales, que viajou a Buenos Aires em um avião da Presidência argentina, também garantiu que a situação dos bolivianos que emigraram para outros países será prioridade para sua administração.

"Reuniremos propostas e veremos em que medida resolveremos os problemas das pessoas que saíram da Bolívia por causa do desemprego.

Lamento muito que o desemprego continue crescendo em meu país", disse.

De acordo com o presidente eleito, ele pediu a colaboração de Kirchner "para que os bolivianos que vivem na Argentina tenham direito de votar na Assembléia Constituinte" que deve ser organizada na Bolívia.

"Agimos para que os bolivianos que estão fora do país tenham direito ao voto. Agora, vamos garantir que tenham direito de votar, o que farão na Assembléia Constituinte, que servirá para unir a Bolívia", ressaltou.

Morales chamou o presidente argentino de "companheiro e irmão", e disse ter muitos pontos de vista em comum com Kirchner "em questões políticas, econômicas e sociais".

Ao deixar a sede do Governo, Morales foi aplaudido por cerca mil bolivianos que vivem na Argentina. Segundo cálculos extra-oficiais, a comunidade de imigrantes da Bolívia no país é de cerca de 1,5 milhão de pessoas. O líder indígena foi eleito com 53,7% dos votos nas eleições do dia 18 de dezembro.




Fonte: EFE

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