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Internacional
Quinta - 05 de Janeiro de 2006 às 05:11

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O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, 77, voltou à mesa de cirurgia por volta das 2h45 de hoje (horário de Brasília), após submeter-se a uma delicada operação que durou mais de seis horas, com o objetivo de controlar uma hemorragia no cérebro. De acordo com um porta-voz do hospital Hadassah, onde o premier permenece internado devido a um grave derrame cerebral, a nova cirurgia foi necessária para completar o processo de controle do sangramento e deverá durar mais algumas horas. Ariel Sharon está inconsciente, sob efeito de sedativos e medicamentos para controlar a pressão arterial intracraniana.

Segundo especialistas, seu estado é crítico e as chances de sobreviver são pequenas. Ainda que resista, provavelmente enfrentará graves seqüelas que ameaçam sua permanência no comando de Israel.

Sharon foi hospitalizado por volta das 23h de quarta-feira (19h em Brasília), após passar mal em seu rancho no deserto do Neguev. De acordo com o site do jornal Haaretz, o primeiro-ministro está com metade do corpo paralisado. Em dezembro, Ariel Sharon já tinha sofrido leve derrame, mas recebeu alta dois dias depois. Hoje, se submeteria a uma cirurgia de cateterismo para corrigir uma perfuração no coração, que teria causado a primeira hemorragia cerebral.

"Com toda a cautela cabível, parece que a era em que Sharon liderou Israel chegou ao seu trágico fim", escreveu o correspondente para assuntos diplomáticos do Haaretz, Aluf Ben.

Os poderes do primeiro-ministro foram transferidos temporariamente para o vice de Sharon, Ehud Olmert, que realizará uma reunião de emergência do gabinete na quinta-feira. Pesquisas recentes mostram que Olmert não é visto como o sucessor de Sharon a longo prazo.

Bush reza O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, um aliado próximo de Sharon, disse: "estamos rezando pela recuperação dele".

"O primeiro-ministro Sharon é um homem de coragem e paz. Em nome de todos os americanos enviamos nossos melhores desejos e esperanças para o primeiro-ministro e sua família", acrescentou Bush.

Sharon aumentou as esperanças de paz no Oriente Médio ao retirar os colonos e soldados de Gaza em setembro, terminando com 38 anos de domínio militar. O ex-general, conhecido popularmente como "O Trator" ficou vários dias hospitalizado após o primeiro derrame, mas retomou sua agitada agenda pública nas últimas semanas.

Pesquisas de opinião mostraram que Sharon estava a caminho de vencer as eleições de março como líder da nova facção de centro Kadima, que ele fundou depois de deixar o partido de direita Likud, diante da revolta de membros da legenda diante da retirada de Gaza.

Sua plataforma de campanha tem sido a disposição de ceder mais territórios ocupados na Cisjordânia como forma de pôr um fim a décadas de conflito. Mas ele prometeu manter o domínio de Israel em grandes áreas de assentamentos.

Passos ousados Uma grande parte da popularidade de Sharon entre os israelenses vem da crença de que ele pode tomar medidas ousadas que outros não tomariam.

Há muito os palestinos suspeitam que os planos de Sharon para terminar o conflito significam que ele ditaria os termos, deixando para os palestinos apenas fragmentos do território reivindicado.

O vice-primeiro-ministro palestino, Nabil Shaath, disse não acreditar que Sharon tenha tido qualquer fé no processo de paz, mas que seu estado de saúde vai aumentar as incertezas sobre a retomada das negociações.

Alvos das medidas duras de Sharon para reprimir o levante, que dura cinco anos, as facções militantes reagiram com entusiasmo.

"Toda a região será melhor com ele ausente", disse o poderoso grupo islâmico Hamas. "Sharon foi o responsável pelos massacres e pelo terrorismo contra o nosso povo por décadas."

Em Washington, o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Stephen Hadley, informou Bush, sobre o estado de Sharon.

O presidente dos EUA confiou muito em Sharon enquanto tentava aproximar isralenses e palestinos de um acordo de paz. Ele repreendeu o premiê israelense após o derrame de dezembro, dizendo que o líder do Estado judeu deveria ter cuidados com a alimentação e fazer mais exercícios.

A crise gerada pela fragilidade na saúde de Sharon deve desacelerar ainda mais a busca de Bush por dois Estados¿ Israel e Palestina¿ vivendo em paz.

As esperanças nesse sentido já haviam sofrido um golpe com a possibilidade de adiamento das eleições palestinas, marcadas para o dia 25 de janeiro, e pela crescente agitação na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, assim como o aumento na violência com Israel.

"Eu não acho que teremos nenhum esforço por enquanto", disse Edward Walker, presidente do Instituto para o Oriente Médio e ex-embaixador dos Estados Unidos em Israel.

"Eu não vejo como você pode casar israelenses com palestinos quando ambas as partes vivem crises de liderança."

O velho inimigo de Sharon, Yasser Arafat, um ícone para os palestinos, morreu em novembro de 2004 quando uma hemorragia cerebral terminou com um período de semanas de doença.




Fonte: Reuters

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