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Cultura
Terça - 27 de Dezembro de 2005 às 13:42
Por: Ilana Rehavia

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A microfonia ou os problemas técnicos não assustaram Mohammad Três da tarde. Vestido com a sua melhor roupa, Mohammad Zulmausir esperava agitado sua vez de subir ao palco, para o que seria sua grande chance de cantar. Mohammad assistia com atenção às apresentações de seus concorrentes.

Mas Mohammad, um menino de nove anos de idade, não era um concorrente do programa Fama ou do American Idol. O palco em que se preparava para subir foi montado no campo de um abrigo temporário de Lampaseh na cidade indonésia de Banda Aceh, perto do epicentro do terremoto que causou o tsunami.

O concurso foi criado pela Cruz Vermelha indonésia, com o apoio da Cruz Vermelha americana. A idéia surgiu durante uma apresentação sobre a coordenação de desastres em um dos campos de desabrigados da região. Enquanto líderes comunitários tentavam consertar o projetor quebrado, três crianças pegaram o microfone e começaram a cantar. A platéia foi à loucura. E assim surgiu o PM Idol.

O concurso percorreu vários abrigos temporários da província de Aceh, envolvendo 300 crianças de 5 a 16 anos de idade. Finalmente chegara a vez de Mohammad subir ao palco.

Vencedor

“Eu escolhi cantar uma música que canto sempre, uma de minhas músicas favoritas, que fala das dores do coração”, disse Mohammad. “Eu quero ganhar, quero ser um vencedor.”

Como um verdadeiro profissional, o menino cantou a canção inteira, sem se deixar abater pelos problemas de som que causavam ora a falha do microfone, ora um eco estridente.

Essa perseverança é parte do objetivo do concurso, segundo o coordenador comunitário do campo Andi Syahputre.

“Nós queremos levantar o moral das crianças, trazer um pouco de leveza para o dia-a-dia delas” disse Andi. “As crianças nos campos esperam ansiosas o dia do concurso.”

Após quase uma hora de deliberação, os juízes, todos eles líderes comunitários, chegaram ao veredicto.

A perseverança de Mohammad, característica marcante do povo de Aceh, foi recompensada. O menino ficou em primeiro lugar. Como prêmio, ele recebeu um radinho de pilha, pelo qual sua família poderá ouvi-lo cantando na final, marcada para janeiro em uma estação local. A decisão, desta vez, será da comunidade, que votará por telefone em seu cantor favorito.

Para o grande vencedor, a Cruz Vermelha tenta conseguir a gravação de um CD.

Mas o grande prêmio, o prêmio que eu vi nos olhos de todas as crianças que subiam ao palco naquela tarde quente de sábado, foi um pouco de diversão em meio ao cotidiano tantas vezes sofrido da vida pós-tsunami.




Fonte: BBC Brasil

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