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Agronegócios
Segunda - 25 de Abril de 2005 às 08:00
Por: EDUARDO GOMES

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“Vou intermediar com os credores privados um pedido de trégua de trinta dias ou mais, se necessário, para que os produtores rurais construam uma engenharia financeira que lhes permita pagar os fornecedores”. Nessa frase que soou bem entre os participantes do Agrishow, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, arrancou aplausos e reacendeu o cachimbo da paz do governo com o agronegócio. Roberto Rodrigues assumiu outros compromissos, mas a palavra mágica “trégua” foi suficiente para quebrar o aborrecimento dos produtores.

Ninguém conhece o volume do endividamento do agronegócio. Mas todos os produtores buscam uma válvula de escape para uma boa negociação que lhes dê fôlego para continuar plantando. Por sugestão do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Famato), Homero Pereira, o ministro aceitou negociar e na próxima semana se reunirá com o empresariado dos defensivos e dos agroquímicos para convence-los à espera.

Homero Pereira explica que a trégua de um mês ou pouco mais é necessária para que a Famato levante o endividamento dos produtores, sugerido pelo governador Blairo Maggi, na terça-feira passada. Nesse período, a federação também conhecerá a mecânica dos papéis lançados pelo governo no mercado, pois eles deverão ser utilizados no pagamento da dívida. Esses papéis são as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e os Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA). Os primeiros podem ser negociados com bancos e os outros com cooperativas de crédito e indústrias do agronegócio. “Sabemos que esses papéis terão juros de mercado, bem acima daquele pago pelo custeio, mas é melhor pagar um juro alto do que ficar inadimplente”, avalia o presidente da Famato.

Enquanto negocia a trégua, Roberto Rodrigues também tentará uma saída para a importação de fungicidas do Mercosul ou até mesmo a desoneração tributária desse produto com fabricação brasileira, para o combate a ferrugem asiática. O nó da questão é que o Mercosul tem uma legislação própria e para isentar as marcas nacionais de imposto é preciso trombar com o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) e a Receita Federal. As duas alternativas são complexas.

Depois de assumir compromisso em defesa da trégua Roberto Rodrigues tocou numa outra questão fundamental para o agronegócio: a possibilidade de reverter o corte de 80% de seu orçamento ditado pela equipe econômica do governo, o que jogou por terra o compromisso de repassar R$ 4 milhões para a defesa sanitária animal mato-grossense neste ano. “Primeiro vou brigar para recuperar esse dinheiro. Depois vou estratificar o caso com os estados, e como Mato Grosso faz direito o dever de casa, creio que não deixarei de enviar os recursos necessários”, arrematou.





Fonte: Diário de Cuiabá

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