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Internacional
Sábado - 16 de Abril de 2005 às 21:44

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Protestos e demonstrações de força se multiplicavam neste sábado contra o presidente do Equador, Lucio Gutiérrez, que decretou na véspera o estado de emergência em Quito e dissolveu a Suprema Corte de Justiça (CSJ).

Campanha irá denunciar "ditadura" no Equador

Militares comandam estado de emergência em Quito

Equador tem onda de protestos, líderes buscam acordo Os habitantes de Quito percorriam hoje de carro as principais ruas da capital, buzinando e gritando: "abaixo o ditador" e "Lucio, fora".



Cerca de 5.000 pessoas protagonizaram um panelaço durante a madrugada.

A tensão estava no auge nos arredores do Palácio de Carondelet, sede do governo, no centro histórico de Quito, onde 200 soldados e policiais montavam barricadas para conter os manifestantes.

O presidente, um ex-coronel que está no poder há pouco mais de dois anos, justificou o estado de emergência pela necessidade de devolver calma e estabilidade à capital, palco de importantes protestos desde quarta-feira passada.

Após criticar a decisão de Gutiérrez, o ex-presidente León Febres Cordero (1984-1988) exortou o Legislativo a se reunir o mais rápido possível para "revogar o decreto do estado de emergencia, destituir o Supremo e formar imediatamente um novo tribunal".

"Esta é a melhor solução para esta crise que envergonha o Equador", afirmou o ex-presidente de 76 anos, líder do Partido Social Cristão (PSC, direita).

Febrez Cordero, o pré-candidato presidencial Alvaro Noboa e os prefeitos de Quito, Paco Moncayo, e Guayaquil, Jaime Nebot, afirmaram que Gutiérrez agiu como um ditador.

Moncayo até pediu a renúncia do presidente. "Por amor ao Equador, Gutiérrez deveria se retirar dignamente e apresentar sua renúncia", frisou.

"Lucio Gutiérrez finalmente retirou sua máscara e mostrou toda sua natureza de ditador", criticou o constitucionalista Carlos Solorzáno, sustentando que o presidente não estava habilitado para destituir a CSJ.

Até mesmo o vice-presidente do Equador, o médico Alfredo Palacios, criticou as decisões de Gutiérrez. "Não concordo com o estado de ditadura ao qual está sendo submetido o povo equatoriano, e peço ao presidente Gutiérrez que revogue imediatamente este decreto ditatorial", declarou Palacios à AFP.

O ex-ministro da Defesa José Gallardo incentivou a desobediência das Forças Armadas.

No entanto, o líder do comando conjunto, vice-almirante Victor Hugo Rosero, afirmou em entrevista coletiva que "o único objetivo de Gutiérrez é restaurar a paz e a ordem perdidos nos últimos dias", referindo-se ao estado de emergência.

O alto comando militar lembrou que uma série de liberdades e direitos constitucionais estavam suspensos pelo estado de emergência.

A situação no Equador preocupa a União Européia, a Espanha e o Peru, que pediram que "não haja interferências sobre o poder judiciário".

"Acompanhamos com preocupação a situação no Equador e desejamos um retorno rápido à normalidade constitucional. Lançamos um apelo a todas as partes para que busquem uma solução pacífica", declarou o ministro luxemburguês das Relações Exteriores, Jean Asselborn.

O Equador está imerso numa grave crise política e jurídica desde o dia 8 de dezembro, quando a maioria governista no Congresso reestruturou a CSJ de uma forma que a oposição considerou ilegal.





Fonte: AFP

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