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Internacional
Sábado - 16 de Abril de 2005 às 19:14
Por: Phil Stewart

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Os aliados do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, trabalhavam no sábado nos bastidores para evitar a autodestruição de seu governo de quatro anos, depois que a saída de um parceiro da coligação levantou a ameaça de eleições antecipadas.

Berlusconi enviou ao presidente da Itália as cartas de renúncia de quatro ministros da União dos Democratas Cristãos (UDC), partido que está exigindo que ele reforme o gabinete e as prioridades de suas políticas depois de uma contundente derrota nas eleições regionais de abril.

As renúncias, apresentadas na sexta-feira, serão aceitas formalmente na segunda-feira pelo presidente Carlo Azeglio Ciampi, segundo uma nota do seu gabinete.

Berlusconi está determinado a cumprir todo o seu mandato de cinco anos e quer evitar a antecipação de eleições. Mas ele disse na sexta-feira que isso será inevitável se a UDC se recusar a voltar ao governo.

O líder da UDC, Marco Follini, que liderou a retirada do seu partido, na sexta-feira, disse que também não quer a realização de eleições antecipadas, mas que seu partido não aceita ser pressionado para voltar ao governo para evitar que isso aconteça.

"Uma boa idéia, mas uma má ameaça", disse Follini. "É necessário um novo governo e um novo programa... Absolutamente não estou falando de novos postos (no gabinete) para o nosso partido."

A oposição pediu que Berlusconi renuncie, afirmando que a turbulência política está prejudicando o país. Mas tanto Berlusconi como Ciampi saíram de Roma para o fim de semana, garantido na prática que a crise se estenderá para a próxima semana.

"Com o passar das horas, fica demonstrada a absoluta incapacidade deste governo de governar a Itália", disse o líder da oposição de centro-esquerda, Romano Prodi, em entrevista à TV.

Confiança

Desde a espetacular chegada de Berlusconi ao poder em 2001, a popularidade dele vem declinando diante da estagnação econômica, o que custou à sua coalizão 11 das 13 regiões nas eleições regionais.

Ao invés de se recolher diante do distúrbio político, o magnata da mídia visitou antiquários na sexta-feira à noite e procurou acalmar os temores de que o seu governo, o mais longo da Itália desde o fim da 2. Guerra Mundial, esteja chegando ao fim.

"Não vejo nenhuma razão para não chegarmos a um acordo, e eles (UDC) vão assiná-lo", disse Berlusconi na sexta-feira.

O ministro da Indústria, Antonio Marzano, disse que havia falado com Berlusconi e que o primeiro-ministro "estava preocupado, mas não pessimista". Acrescentou, porém, que o futuro da coalizão "não está claro".

A imprensa italiana informou que o Ministério do Interior está preparando planos para a realização de eleições antecipadas caso Berlusconi não consiga resolver a crise.

Há uma crescente expectativa de uma reforma do gabinete, possibilidade admitida na sexta-feira por Berlusconi.

Por causa das complexidades da constituição, Berlusconi provavelmente teria que renunciar, ainda que temporariamente, se reformasse o gabinete. Ele então iria imediatamente ao parlamento, em busca do apoio necessário para liderar um governo de nova aparência.

"Este é o teste mais difícil que Berlusconi já enfrentou", disse o analista político Sergio Romero. "Mas todos sabem que a única pessoa da centro-direita que pode amarrar algum tipo de coalizão, mesmo em tempos de dificuldades, é Berlusconi."

Gianni Letta, membro de destaque do governo, se reuniu no sábado com o ministro das Relações Exteriores, Gianfranco Fini, que na semana passada pediu a Berlusconi que solicitasse ao parlamento um voto de confiança.

Pelo menos um membro da UDC manifestou otimismo.

"Estou convencido de que Berlusconi entende a base do nosso argumento. É 99 por cento certo que tudo será resolvido da melhor maneira", disse Francesco D'Onofrio, líder da UDC no Senado, ao jornal Avvenire.





Fonte: Reuters

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