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Cidades/Geral
Terça - 12 de Abril de 2005 às 18:02
Por: Maria Barbant

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Gestores, técnicos, docentes e pesquisadores das áreas da saúde, educação, assistência social, segurança, justiça, finanças e tributária do Governo do Estado, membros do Conselho Estadual da Política sobre Drogas, representantes de órgãos de saúde do município de Cuiabá e Conselhos Tutelares, representantes do poder legislativo municipal e da Polícia Federal estiveram reunidos na manhã desta terça-feira (12.04), no auditório do Parque Massairo Okamura, em Cuiabá, para trocar experiências e reunir subsídios para a elaboração da Política Estadual sobre drogas.

O evento, uma iniciativa do Conselho Estadual de Entorpecentes (Conen), com o apoio do Governo do Estado, através da Secretaria de Justiça e Segurança PúblIca (Sejusp), é o primeiro de sete (07) encontros regionais que estão programados para acontecer este ano, nos principais pólos do estado e nos municípios de Juína e Confresa – por sugestão do secretário Célio Wilson de Oliveira -, onde gestores, técnicos e a sociedade organizada estarão discutindo o assunto e levantando informações. “No final do ano, em outubro, quando for realizado o encontro estadual, deveremos estar apresentando a Política Estadual Antidrogas”, explicou o presidente do Conen, José Antônio Vieira.

A doutora em sociologia da dependência química, pela Universidade de Londres, e professora da Universidade Federal de Pernambuco, Roberta Uchoa participou da oficina “Construindo a Política Estadual sobre Drogas do Mato Grosso”, e falou sobre as suas experiências de 17 anos atuando na área.

Ela disse que como Mato Grosso e Pernambuco, a maioria dos estados brasileiros não possue uma política antidrogas. Roberta Uchoa lembrou que a participação da sociedade nas discussões sobre o tema é fundamental além do que reflete as diversidades regionais e a problemática do Estado.

Durante sua exposição ela falou sobre os resultados de um estudo realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópica (Cebrid), em 1997, em algumas capitais brasileiras, que confirmam uma tendência mundial: a iniciação do indivíduo no uso de drogas cada vez mais cedo e com utilização de drogas cada vez mais pesadas.

De acordo com o estudo o percentual de adolescentes brasileiros que já consumiram drogas entre os 10 e 12 anos de idade é significativo: nessa faixa etária, 51,2% já consumiram bebida alcoólica, 11% usaram tabaco, 7,8 % solventes, 2% ansiolíticos e 1,8 % anfetaminicos. A idade de início do consumo situa-se entre 09 e 14 anos.

Esse mesmo estudo mostrou que em Cuiabá, as drogas mais consumidas são bebidas alcoólicas, tabaco, cocaína e pasta base e que a perspectiva das crianças e adolescentes é trabalhar, estudar e melhorar suas relações familiares.

“Dentro desse contexto, podemos verificar que as drogas além de uma questão de polícia é também uma questão de educação, de saúde, enfim, uma questão social, onde o poder público e organismos civis tem que atuar na prevenção, tratamento e inserção social”.

Roberta Uchoa falou também sobre a importância do levantamento do perfil dos usuários a fim de direcionar de forma mais produtiva as ações de prevenção, tratamento e reinserção social dos indivíduos. “Nesse sentido a participação das Universidades como centros por excelência de ensino e pesquisa é fundamental”.

PESQUISA - Em Cuiabá, um convênio entre a Sejusp e a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), vai realizar este ano, a primeira pesquisa sobre uso e consumo de drogas em Cuiabá. A pesquisa que custará cerca de R$ 20 mil reais, segundo o seu coordenador, o professor Naldson Ramos da Costa, professor do Departamento de Sociologia, vai atingir 22 bairros da capital onde serão aplicados aproximadamente mil questionários. Farão parte do público pesquisado crianças a partir dos 12 anos. “A pesquisa será feita por amostragem aleatória a partir do sorteio dos bairros. Cerca de 20 estudantes estarão em campo, coordenados por quatro professores. A previsão é de que até setembro estejamos com um relatório final sobre o perfil do usuário em Cuiabá”, explicou o professor.

Essa questão também foi tratada pela secretária adjunta de Segurança Pública, Thaís Camarinho, durante a abertura da reunião. Ela falou sobre a necessidade de pesquisas que levem a um perfil da situação do consumo e demanda de drogas lícitas e ilícitas no Estado e, partindo desse ponto, determinar as políticas públicas. “Precisamos também incrementar as ações integradas entre os diferentes organismos envolvidos com a questão, desde a prevenção até o tratamento e a reinserção dos indivíduos na sociedade”, salientou “Hoje percebemos que existem várias iniciativas sendo realizadas pelo Governo do Estado, Municípios e também por organismos não governamentais. Mas essas ações tem que atingir a totalidade dos municípios e devem estar voltadas para uma padronização de linguagens e objetivos comuns”, disse ela.

Para a secretária adjunta a redução da demanda e consumo de drogas é uma questão social, de saúde e segurança publica mas, mais do que isso, é uma questão global onde todo o poder público deve estar envolvido e a sociedade também”.

O presidente do Conen, José Antonio Vieira avaliou como positiva a reunião salientando que esse trabalho vem sendo desenvolvido desde 2001 com a realização do primeiro fórum para tratar a questão.

“Passos importantes vêm sendo dados pelo Estado nesse período com a reestruturação do Conselho Estadual de Entorpecentes, a implantação do Centro de Tratamento e agora com a construção da Política Estadual de Drogas, vinculada ao Plano Nacional. Esperamos avançar ainda mais nos próximos eventos”.




Fonte: Secom - MT

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