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Economia
Sexta - 08 de Abril de 2005 às 10:00
Por: Eduardo Ramos

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A proposta de prorrogação das dívidas agrícolas vincendas em 2005 dá um fôlego novo, mas não resolve os problemas dos agricultores que devem enfrentar nova crise no ano que vem caso não sejam tomadas medidas para reduzir os custos de produção e também adequar a política agrícola à realidade do produtor. O alerta vem de líderes e especialistas em agronegócio, que não escondem a preocupação com a crise no setor.

“A renegociação que está sendo feita pelo Banco do Brasil e demais instituições financeiras só adiou o problema. No ano que vem teremos de pagar a parcela normal e também a desse ano, o que vai ser muito complicado com os custos de produção que temos hoje”, alerta o presidente da Associação dos Produtores de Soja, Rogério Salles.

Um levantamento feito por técnicos da Federação da Agricultura de Mato Grosso antes do início do plantio estimou o custo de produção de soja em Mato Grosso em US$ 456 por hectare, o que corresponderia a cerca de 47 sacas de soja. O problema é que fatores climáticos, aliados ao ataque da Ferrugem Asiática, aumentaram os custos e derrubaram a produtividade nas lavouras, que hoje atinge, em média, 45 sacas/ha.

“O levantamento feito pela Famato previa, por exemplo, duas aplicações de fungicidas, mas houve casos em que o produtor teve que fazer até oito aplicações para combater a ferrugem. Considerando ainda que a valorização do real aumentou bastante os custos em dólar, veremos que a situação é muito crítica”, avalia o coordenador da comissão de Agricultura do Sindicato Rural de Rondonópolis, Ricardo Tomczyk.

A solução para o problema depende de ações em duas frentes, envolvendo o setor privado e o Governo Federal. A primeira envolve discussões com os outros segmentos que integram a cadeia do agronegócio. Os produtores lembram que nos últimos quatro anos o preço de máquinas agrícolas, por exemplo, subiu cerca de 170% e os fertilizantes tiveram alta de 34% só na última safra, fatores que pesaram no acréscimo dos custos de produção.

“O produtor é a base e representa 30% do agronegócio. Sem ele toda a cadeia se quebra. Por isso defendemos que os segmentos privados que atuam com produtor, e que se beneficiaram nos momentos de grande produtividade, devem agora abraçar a causa do produtor”, defende Tomczyk.

Paralelo à negociação com os setores privados que integram o agronegócio, os produtores devem intensificar as negociações no que tange a adequação da política agrícola implementada pelo Governo Federal. O objetivo é estabelecer mecanismos que garantam mais segurança ao agricultor e reduzam o chamado Custo Brasil – termo que engloba questões como a carga tributária excessiva, a infra-estrutura precária e o excesso de burocracia nas transações relacionadas ao Governo Federal.

“Essa renegociação que está sendo feita agora é paliativa e já estava prevista nos contratos. Se quisermos resolver o problema de verdade precisaremos retomar a discussão iniciada em Rio Verde e exigir que o Governo cumpra ao menos as metas emergenciais apresentadas durante aquele encontro.”, diz Tomczyk.

O coordenador da comissão de Agricultura, disse que o Sindicato Rural de Rondonópolis está mantendo contato com os organizadores da Agrishow Cerrado e espera realizar uma série de discussões sobre o tema durante a feira, que será realizada em Rondonópolis de 19 a 24 de abril.





Fonte: 24 Horas News

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