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Economia
Quinta - 07 de Abril de 2005 às 13:42

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Ainda que incapaz de reduzir significativamente o volume recorde de produção previsto para esta temporada 2004/05 (mais de 17 milhões de toneladas), o excesso de chuvas está afetando a produtividade e a qualidade da safra de soja em regiões produtoras de Mato Grosso. Em março, auge da colheita, foram registradas as maiores precipitações dos últimos 30 anos no Estado, de acordo com dados do Inmet - Instituto Nacional de Meteorologia.

As precipitações atingiram 400 milímetros, o dobro da média histórica para meses de março. Em 2004, as chuvas caíram mais cedo, entre janeiro e fevereiro, e março registrou 170 milímetros de precipitação. O resultado de tanta água neste momento de colheita são as dificuldades e os custos para escoar a safra. As estradas não têm condições de tráfego, o que eleva fretes rodoviários.

Na região do Médio Norte, que reponde por 40% da produção estadual, o frete pela BR 163 ficou 25% mais caro em março. A calamidade das estradas elevou o preço de R$ 170 a R$ 180 para até R$ 230 por tonelada. "Quanto piores as estradas, mais caros os fretes", afirma o produtor Leonir Capitani, de Sorriso. Na BR 364, entre Diamantino e Itamaraty, os caminhões têm problemas com os buracos. O gerente da Bunge em Tangará da Serra, José Peres Generoso, conta que há relatos diários de carretas atoladas. "Já ficamos com gente parada por cinco dias".

Na produção, estragos locais já são significativos. Em Sorriso, maior produtor de soja do Brasil, as perdas com as chuvas de março atingiram 145 mil toneladas, ou 2,5 milhões de sacas, segundo o sindicato local. O prejuízo chega a R$ 65 milhões. A produtividade média caiu de 55 para 50 sacas por hectare. "O pessoal deixou de colher muita área por causa da chuva", observa Rubens Denardi, secretário do sindicato.

Dono de 1,3 mil hectares, o gaúcho Leonir Capitani perdeu quatro mil sacas com as chuvas. Em uma área de 800 hectares, colheu 56 sacas em média. Nas demais, sobraram apenas 46 sacas. Um prejuízo de R$ 100 mil até agora. "Controlamos bem a ferrugem, mas essa chuva no fim da safra foi fatal", diz Rogério Salles, que planta 2,5 mil hectares em Campo Verde.

A situação se repete em Lucas do Rio Verde e Sinop, de acordo com o consultor Seneri Paludo, da Agência Rural, em Cuiabá. A solução tem sido vender a soja para fabricar ração animal por R$ 11 ou R$ 12 a saca. O "ardido", índice de umidade dos grãos da soja, bateu numa média de 20%. As tradings só aceitam até 8% de "ardido". A umidade excessiva provoca perda de peso e má formação nos grãos, o que gera deságio na hora de entregar o produto. A Agência Rural estima entre 20% a 30% a umidade média dos grãos no Estado.

Na região do Xingu, no leste do Estado, a chuva atrasou a safra. Até agora, 15% dos 105 mil hectares de Nova Xavantina foram colhidos. Na mesma época de 2004, o índice batia em 50%. "Aqui, a média está em 46 sacas quando o normal seria 50 sacas/hectare", diz Marcio Vicente, gerente da Bunge na região.

Na região de Sinop, a incidência de grão ardido já chega a 20% da área colhida, segundo o produtor Antônio Rossani. "Se não parar de chover, vamos colher menos de 40 sacas", alerta A média da região é de 53 sacas. Segundo Rossani, há problemas em Ipiranga do Norte, Cláudia, Santa Carmem e Tabaporã.





Fonte: 24 Horas News

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