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Internacional
Quarta - 30 de Março de 2005 às 18:45
Por: Evelyn Leopold

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Países da Europa e de outros continentes devem manifestar brevemente seu apoio ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, apesar de a investigação sobre corrupção no programa "petróleo por comida" ter dado mais munição aos críticos dele.

"A prioridade das Nações Unidas agora é cuidar da questão-chave — que é a cúpula de setembro, para a qual esperamos ter a liderança do secretário-geral", disse o embaixador britânico na entidade, Emyr Jones Parry, na quarta-feira.

Outros diplomatas previram que em breve os 25 países da União Européia devem manifestar seu apoio a Annan.

Um relatório divulgado na terça-feira por Paul Volcker, ex-presidente do Fed (Banco Central dos EUA) e encarregado de investigar o escândalo, disse que não há provas de que Annan tenha influenciado a concessão de um contrato no Iraque para a empresa suíça na qual seu filho trabalhou.

Mas Volcker disse que Annan e outros funcionários da ONU cometeram erros na investigação sobre um possível conflito de interesses, e que o ex-chefe de gabinete do secretário-geral destruiu documentos possivelmente relevantes enquanto o inquérito estava em andamento.

O programa "petróleo por comida" foi criado pela ONU para aliviar os efeitos das sanções econômicas sobre a população civil do Iraque sob o regime de Saddam Hussein. Quando ele foi encerrado, em 2003, o novo governo iraquiano divulgou documentos mostrando a existência de corrupção e contrabando de petróleo. Segundo um relatório da CIA, as fraudes atingiam 2 bilhões de dólares dentro do programa e 8 bilhões fora dele.

Um importante diplomata disse que o relatório de Volcker é mais perturbador nos seus detalhes do que nas suas conclusões, apesar de não haver provas contra Annan.

O relatório de Volcker dizia respeito à contração da empresa suíça Cotecna, que no final de 1998 recebeu um contrato de 10 milhões de dólares por ano para fiscalizar o programa. Na época, a empresa tinha entre seus funcionários Kojo Annan, filho do secretário-geral, hoje empresário na Nigéria.

O relatório diz que a Cotecna e Kojo omitiram do secretário-geral a relação da empresa com o rapaz antes e depois da assinatura do contrato. Mas a investigação também revela antigos laços entre a família Annan e alguns funcionários da Cotecna, bem como reuniões ocorridas entre Annan e a cúpula da empresa em 1998.

O senador republicano norte-americano Norm Coleman voltou a pedir a demissão de Annan. "Sua falta de liderança, combinada com os conflitos de interesse e a falta de responsabilidade, aponta para uma, e só uma saída: sua renúncia", afirmou.

Mas nenhum governo do mundo, nem mesmo o dos Estados Unidos, está pressionando Annan a deixar o cargo.

A China, membro do Conselho de Segurança, disse que é hora de encerrar o assunto. "Temos trabalho importante a fazer nos próximos dias", afirmou o embaixador Wang Guangya.

O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, disse que o governo Bush apóia o secretário-geral. "Vamos continuar trabalhando com ele e com a ONU nos muitos desafios que enfrentamos."

Volcker divulgará um relatório final em junho, quando deve incluir comentários sobre as ações do Conselho de Segurança, que teoricamente sabia das irregularidades cometidas por Saddam.




Fonte: Reuters

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