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Nacional
Terça - 29 de Março de 2005 às 08:44
Por: Spency Pimentel

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Ciudad Guayana (Venezuela) - O encontro entre os presidentes de Brasil, Venezuela, Colômbia e do governo espanhol que acontece nesta terca-feira (29), acontece sob o signo de "novos paradigmas nas políticas externas de todos esses países", afirma à Agencia Brasil o vice-ministro venezuelano das Relações Exteriores para América Latina e Caribe, Eustoquio Contreras.

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Hugo Chávez (Venezuela), Alvaro Uribe (Colômbia) e José Luis Zapatero (Espanha) deverão encontrar-se em Ciudad Guayana, na tarde de amanhã e, da reunião, deve resultar declaracao conjunta abordando temas como a cooperação na área da fronteira amazônica. Segundo Contreras, essa preocupação com a região fronteiriça implica colaboração em preservação ambiental e equipamentos de defesa.

Para o vice-ministro venezuelano, "novos conceitos morais e éticos" estão definindo a liderança de países como o Brasil e a Venezuela no plano internacional, o que implica também uma nova "geopolítica na região". "Estamos substituindo, no plano multilateral, a idéia de competência, que pressupunha uma hierarquização entre ricos e pobres, pelo conceito de complementaridade", explica ele.

"O modelo anterior levava a um uso da força que beirava o primitivismo", diz Contreras. "Guiamo-nos por um humanismo, ou seja, estamos colocando o ser humano como centro das atenções, chamando a atenção do mundo para o fato de que todo homem e mulher, de qualquer país que seja, desenvolvido ou não, tem os mesmos direitos a uma vida digna e a buscar a felicidade".

Um dos exemplos da aplicação do princípio de complementaridade pregado pela política externa venezuelana, explica o vice-ministro, está nos recentes acordos com o Uruguai. Esse país esta vendendo à Venezuela produtos lácteos e transferindo conhecimento e tecnologia na área da pecuária em troca de derivados de petróleo. "Vemos o que cada um tem para vender que produz melhor e mais barato e fazemos o mesmo do nosso lado", explica. "Uma visão a partir do ser humano pode levar a conclusão de que todos tem a responsabilidade de contribuir para um mundo melhor".

No caso brasileiro, Contreras diz que são exemplos da aplicação do conceito de complementaridade as alianças em áreas como energia e políticas agroalimentares, destacando-se a construção de uma petroquímica binacional, a formação da Petrosul, união das petroleiras estatais da América do Sul, e a construção da terceira ponte sobre o Orinoco, o principal rio venezuelano. "O importante e que Brasil, Venezuela e Argentina tem o papel de vanguarda na integração da América do Sul".

Hoje, a Venezuela exporta cerca de 60% dos 3 milhões de barris diários de petróleo que produz para os Estados Unidos. O governo Chávez também tem dito que está preocupado em diversificar os destinos de suas vendas externas. "Outros países tem igual necessidade de nosso produto e podem nos oferecer maiores vantagens", explica o vice-ministro.

Apesar disso, Contreras diz que a reunião desta terça tem o objetivo de fortalecer o multilateralismo: "Não se trata de que a Venezuela esteja buscando a aliança com um país para enfrentar outro. Nossa integração não é contra ninguém, é a favor de nos mesmos". "Defendemos a autodeterminação e o direito que os povos têm de dispor livremente de suas riquezas naturais".




Fonte: Agência Brasil

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