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Agronegócios
Quinta - 24 de Março de 2005 às 14:09
Por: Raquel Ferreira

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O aumento do preço do maquinário agrícola e de fertilizantes, as variações na taxa de câmbio, a falta de crédito, os juros, a seca e até mesmo a situação precária das estradas, que encarecem o transporte, foram apontados por parlamentares e produtores como os responsáveis pelo alto custo da produção rural no Brasil.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) reclamou hoje, em audiência pública na Câmara, que os produtores estão endividados e não sabem como pagar a dívida. Para se ter uma idéia da dificuldade que enfrentam, a CNA citou como exemplo o preço do adubo, de forma comparativa. Em 2002, o agricultor brasileiro precisava de 38 sacas de milho para comprar uma tonelada de adubo. No ano passado, esse mesmo agricultor comprou o adubo com 56 sacas de milho, o que equivale a um aumento de 47%.

Esse foi um dos argumentos que a Confederação utilizou para defender a renegociação das dívidas dos agricultores com o Banco do Brasil, no encontro promovido pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.

Renegociação

Na opinião do vice-presidente da CNA, Carlos Sperotto, o Governo deveria abandonar a renegociação das dívidas caso a caso e adotar uma regra geral, mais imediata. Porém, o deputado Silas Brasileiro (PMDB-MG), que solicitou a audiência pública, é contrário à proposta. "Acredito que 15% dos produtores brasileiros foram atingidos, mas 85% têm condições de honrar seus compromissos. Portanto, a análise tem que ser feita caso a caso", defende. Ele apresentou dados que apontam uma desvalorização de mais de 20% nos preços da soja e do arroz nos últimos 12 meses.

Na avaliação do parlamentar, o setor agrícola precisa de planejamento. Segundo Silas Brasileiro, o problema do endividamento é crônico porque quem renegociou suas dívidas não teve acesso a novos créditos oficiais.

Seca O vice-presidente da CNA também pediu uma ação do Governo contra os efeitos da seca nas regiões Sul e Sudeste, que provocou uma revisão para baixo da safra deste ano. "O Governo pode e deveria ter um controle sobre os meteorologistas, porque nós fomos induzidos a um plantio de qualidade, a uma lavoura com investimentos, diante de um bom ano que eles mesmos propagaram", critica.

Maquinário

Os participantes da audiência apontaram outras causas para o alto custo da produção agrícola no Brasil. O diretor da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Agmar Farias, por exemplo, explicou o aumento dos preços do maquinário agrícola. Segundo ele, o ferro, o aço e derivados tiveram uma elevação de preço significativa desde o ano passado. Entre janeiro de 2001 e janeiro de 2004, enquanto as máquinas aumentaram em 130%, os insumos subiram 180%. Farias lembrou, no entanto, que o desenvolvimento do setor agropecuário, com a elevação da renda dos produtores rurais, foi provocado pelo crescimento da mecanização no campo.

Adubos

A alta dos fertilizantes foi apontada pelo vice-presidente da Associação Nacional da Difusão de Adubos (Anda), Wagner Bonifácio Sousa, como um dos maiores causadores do aumento de custo da produção. De acordo com ele, 38,8% dos fertilizantes consumidos no País se destinam à cultura da soja e outros 16,3% para o milho. O que acontece é que mais da metade desses insumos são importados.

O aumento do preço dos fertilizantes, como explicou o representante da Anda, está associado à redução do número de fornecedores mundiais do produto. Apesar da desvalorização do dólar, os fornecedores de fertilizantes reajustaram seus preços para garantir a mesma lucratividade.





Fonte: Primeira Hora

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