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Internacional
Quarta - 16 de Março de 2005 às 18:36

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Um dos ex-líderes da última ditadura argentina, Emilio Massera, beneficiado por uma decisão da justiça que suspendeu os processos contra ele por crimes de repressão, tem "demência", segundo um novo relatório médico divulgado nesta quarta-feira. O relatório do corpo médico forense da Corte Suprema de Justiça, entregue a um tribunal civil de Buenos Aires, acrescenta que o ex-almirante, de 79 anos, tem "pensamento retardado" e uma "marcada queda da capacidade ideativa".

Na semana passada, os juízes que ordenaram a prisão do ex-membro da junta militar que governou a Argentina entre 1976 e 1983 dispuseram a suspensão dos processos contra ele após o ditame de uma junta médica indicando que Massera não está em condições de ser julgado por causa de seus problemas de saúde.

Segundo a nova avaliação, divulgada hoje e ordenada pela juíza civil Marcela Pérez Pardo, Massera está "hipolúcido com pensamento retardado", tem seu "julgamento debilitado" e sofre de uma "marcada queda da capacidade ideativa", por isso está fortemente medicado.

O ex-almirante, acusado por vários casos de desaparecimento de pessoas e roubos de filhos de vítimas da repressão na ditadura militar, está preso a uma cama devido a um derrame cerebral que sofreu em 2002.

Até semana passada, Massera, um dos três chefes militares que lideraram o golpe de Estado que em 24 de março de 1976 iniciou uma ditadura de sete anos e meio, estava em prisão domiciliar, benefício concedido aos detidos com mais de 70 anos.

O ex-militar era acusado de roubo, ocultação e supressão da identidade de recém-nascidos, filhos de desaparecidos durante a ditadura, e também em outra causa específica sobre a existência de "um plano para a apropriação de menores" durante a repressão.

Além disso, Massera foi requerido por juízes da Alemanha, Espanha, Itália e Suécia por crimes contra a humanidade em relação a cidadãos desses países.

Segundo testemunhos de sobreviventes da repressão contidos nas diferentes causas contra ele, o ex-militar costumava liderar os esquadrões da morte que atuavam da Escola de Mecânica da Marinha, onde funcionou o maior centro ilegal de detenção da ditadura militar.

Em 1985, um tribunal sentenciou Massera e outros dois comandantes da ditadura à prisão perpétua por violações aos direitos humanos, mas estas e outras condenações ficaram sem efeito depois do indulto assinado em 1991 pelo então presidente argentino Carlos Menem.

Os indultos excluíram os crimes de roubo e troca de identidade de menores, por isso Massera e outros responsáveis da ditadura, como o ex-ditador Jorge Videla, foram acusados e presos.




Fonte: Agência EFE

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