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Economia
Quinta - 03 de Março de 2005 às 23:33
Por: Alana Gandra

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Rio - O projeto de constituição do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões de Gases do Efeito Estufa (MBre), ou mercado de crédito de carbono, pode começar a operar na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro no segundo semestre do ano. A informação foi dada hoje pelo professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Virgilio Gibbon, coordenador do projeto nacional do MBre a pedido do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDic) junto à Bolsa de Mercadorias e Futuros(BM&F).

O MBre foi lançado pelo MDic e pela BM&F em dezembro último e permitirá ao Brasil, dada à sua condição de país em desenvolvimento que não tem metas a cumprir no Protocolo de Quioto, fornecer projetos que contribuam para a redução do efeito estufa, explicou Gibbon. Isso coloca o país na posição de gerar esses créditos que atualmente são comercializados no mercado internacional até na fase embrionária, antes da certificação.

O professor da FGV informou que na verdade o Protocolo só negocia as reduções certificadas, ou seja, que já foram verificadas de fato. Gibbon destacou, entretanto, que como os projetos estão sendo implantados agora, o que se tem é uma expectativa de que haverá redução no futuro e isso já é comercializado, inclusive pelo Brasil, por meio da negociação de alguns projetos que foram desenvolvidos. "Exatamente para criar um mercado transparente dessa negociação é que estamos implantando esse mercado na BM&F", afirmou.

Gibbon disse que ainda é muito difícil estimar os benefícios, inclusive financeiros, que esse mercado poderá trazer ao Brasil. Porém, para que se tenha uma idéia da magnitude desse programa, o professor avaliou que esse deve ser um dos maiores mercados mundiais nos próximos anos, "porque o Protocolo de Quioto se refere apenas ao primeiro período de compromisso, que vai de 2008 a 2012, quando os países desenvolvidos estão obrigados a reduzirem as emissões para um nível 5,2% abaixo do que eles emitiam em 1990".

O professor esclareceu, entretanto, que o que ocasiona o problema do aquecimento global não é o fluxo de emissões, mas o estoque de CO² (gás carbônico) na atmosfera, que aumentou de forma considerável nos últimos 15 anos. Assim, ele acha que "diminuir o fluxo de emissão para que ele fique apenas 5% abaixo do fluxo de 1990 não resolve o problema". Por isso, Gibbon acredita que as metas fixadas deverão ser substancialmente aumentadas para o segundo período de compromisso do Protocolo, isto é, após 2012.

Como esse mecanismo visa a minimizar os custos da redução, o mercado deve canalizar um grande volume de investimentos para os países em desenvolvimento porque os custos de incremento desses projetos de contenção de emissões são menores, explicou. No Japão, por exemplo, os custos de redução de uma tonelada de gás chega a US$ 500.

A expectativa de Gibbon é de que isso acarretará em um grande fluxo de dinheiro, não só para adquirir os créditos, mas também em termos de investimento em desenvolvimento de projetos. "E, com isso, se abre a perspectiva de criar uma ligação do mercado de capitais entre os hemisférios norte e sul, que pode ser muito importante. O fluxo de capital pode ser muito grande. Estamos falando em projetos da ordem de US$ 50 milhões, US$ 100 milhões cada", disse. A isso se somam os créditos de carbono que poderão ser negociados, observou. "É realmente um mercado muito expressivo, muito importante, e irreversível porque o planeta está esquentando", diz Gibbon.

A entrada em vigor do Protocolo, opina o professor, fará surgir outros projetos de redução de emissões no Brasil em áreas como aterros sanitários, reflorestamento, tratamento de dejetos de animais e transporte. "Agora está na hora de explodirem esses projetos", declarou. Gibbon participa amanhã (4), na Pontifície Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) da conferência O mercado de carbono, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e o Protocolo de Quioto.





Fonte: Agência Brasil

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