Repórter News - www.reporternews.com.br
Internacional
Domingo - 27 de Fevereiro de 2005 às 08:35

    Imprimir


Israel exige ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas (Abu Mazen), que mude a estratégia contra a resistência, substituindo acordos por ações, depois do ataque da Jihad Islâmica que na sexta-feira matou quatro pessoas em Tel Aviv.

O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, advertiu neste domingo que se Abbas não conseguir frear a violência não haverá progressos nas negociações de paz que devem culminar com o estabelecimento de um Estado palestino na Cisjordânia e em Gaza.

"Abbas é para Israel um Yasser Arafat quando não combate com força os terroristas", afirmou hoje o presidente da Comissão Parlamentar para Assuntos de Segurança e Exterior, Yuval Steinitz.

A política dos acordos seguida por Abbas, entre outros motivos para evitar confrontos armados que possam acabar em uma guerra civil entre palestinos, deve mudar radicalmente, afirmava-se hoje em círculos do governo e das Forças Armadas de Israel.

Fontes próximas a Sharon garantiram hoje que Abbas está entre a cruz e a espada e que já não tem muito tempo para combater com suas forças de segurança as facções da resistência.

O ataque de um suicida da Jihad Islâmica em frente a uma discoteca também deixou 49 feridos. Trinta e quatro deles ainda estão internados.

O atentado quebrou um período de calma de um mês que essa organização pactuou com Abbas em Gaza com vistas a um cessar-fogo formal ainda não concretizado.

O presidente palestino, no entanto, antecipou a existência do cessar-fogo na Cúpula de Sharm el-Sheikh do último dia 8 com Sharon, que prometeu parar todas as operações militares nos território palestinos.

Abbas deu este fim de semana como prazo para que os chefes da segurança palestina capturem os cúmplices do suicida. "Não quero esforços, quero resultados, ou serão destituídos", disse.

Depois do ataque em Tel Aviv, o ministro da Defesa de Israel, Shaul Mofaz, ordenou ontem à noite que o exército retomasse as operações contra a Jihad Islâmica.

Seu braço-direito, Zeev Boim, informou hoje que se restabelecerão as execuções "seletivas" contra os milicianos da Jihad e ameaçou atacar a Síria, onde este grupo tem sua sede.

Com um total de 60 chamados de alerta em poder das forças de segurança sobre possíveis novos ataques palestinos, a polícia está hoje em estado de alerta em todo o país.

O presidente Abbas, acusado pelo suicida de negociar com Israel "sobre o sangue dos mártires palestinos", condenou "a sabotagem contra seu povo" e o processo de paz mas, segundo fontes do governo israelense "o ataque é prova de que (Abbas) não tem alternativa que não seja uma guerra total contra o terrorismo".

Os Estados Unidos, cujo governo lhe deu seu respaldo político com vista às negociações para estabelecer um estado palestino viável nos territórios ocupados por Israel, assim como a União Européia (UE), também pedem a Abbas que tome medidas drásticas.

O plano conhecido como "Mapa de Caminho", que deve servir de guia a Abbas e a Sharon para as negociações de paz, insta precisamente a ANP a acabar com a violência e a desarmar a resistência, algo que Arafat se negou a fazer, e que seu sucessor tenta conseguir mediante acordos políticos com as facções da Intifada.

O líder da ANP deve se reunir em 5 de março no Cairo com representantes dessas facções, sob os auspícios do presidente egípcio, Hosni Mubarak, para ultimar as negociações que lhe permitam anunciar oficialmente o cessar-fogo ou uma trégua.

O atentado da Jihad Islâmica deixou entre dúvidas o futuro dessas negociações na capital egípcia, aonde Abbas chegará após participar nesta terça-feira da Conferência de Londres, um fórum destinado a debater projetos de assistência para o governo e o povo palestino.





Fonte: EFE

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/356877/visualizar/