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Internacional
Sábado - 26 de Fevereiro de 2005 às 23:28
Por: Daniel Trotta

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O juiz espanhol Baltasar Garzón, famoso por seus processos criminais contra antigos regimes militares latino-americanos e a Al Qaeda, disse agora que a atenção deve ser direcionada para o passado ditatorial da própria Espanha.

Em entrevista à Reuters, Garzón defendeu uma "comissão da verdade" para investigar crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura do general Francisco Franco, que governou a Espanha do fim da Guerra Civil, em 1939, até a sua morte, em 1975.

Ele também alertou que a Justiça deve vigiar de perto os grupos islâmicos na Europa, que são ligados ao Ansar al Islam, um dos principais grupos que atacam as forças dos Estados Unidos no Iraque.

Sobre a era Franco, Garzón afirmou que as vítimas do período são livres para acusar criminalmente, na Espanha e no exterior, os integrantes do regime ainda vivos, desde que os crimes não tenham expirado.

"Obviamente tivemos excessos e crimes verdadeiros contra a humanidade nos primeiros anos da ditadura. É necessário em algum momento implantar uma comissão da verdade, pelo menos, para estabelecer o que aconteceu e desenterrar essa parte da história espanhola", disse Garzón em entrevista, no fim da sexta-feira. Garzón, que alcançou fama internacional quando tentava julgar o ex-ditador chileno Augusto Pinochet e quando acusou Osama bin Laden de assassinato em massa, afirmou que as vítimas precisariam se apresentar para que processos fossem abertos.

"Não há problema (em iniciar casos desse tipo), assim como não há problema se esses eventos fossem investigados fora da Espanha", afirmou Garzón, que se prepara para lecionar durante nove meses na Universidade de Nova York.

Entretanto, o prazo para a acusação contra a maioria dos crimes da era Franco já expirou.

APOIO

Grupos que lidam com as feridas históricas da era Franco celebraram o apoio de Garzón a uma comissão da verdade.

"Já não era sem tempo. Isso me faz muito feliz", afirmou Emilio Silva Barrera, presidente de uma associação para recuperar a memória do período.

"Nós concordamos plenamente. O silêncio já durou muito", afirmou Juan Luis Castro, integrante de uma outra organização desse tipo.





Fonte: Reuters

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