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Internacional
Terça - 21 de Dezembro de 2004 às 18:04

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O primeiro-ministro da França, Jean-Pierre Raffarin, defendeu nesta terça-feira o apoio do país às negociações para a possível entrada da Turquia na União Européia (UE). O premier destacou que iniciar as negociações não implica a adesão, sobre a qual disse que os franceses terão a última palavra.

Raffarin fez esses declarações consciente da grande rejeição da opinião pública e de boa parte da classe política francesa à abertura das negociações e das acusações de que seu governo não escutou a população e seus representantes antes da decisão do Conselho Europeu.

Em um debate na Assembléia Nacional (Câmara dos Deputados) e em uma discussão mais ampla no Senado, em ambos os casos sem votação, Raffarin repetiu todos os argumentos do presidente Jacques Chirac, a favor da abertura das negociações, decidida pela UE em 17 de dezembro.

"Os franceses terão a última palavra", disse Raffarin aos deputados, ao lembrar a decisão de Chirac de submeter a entrada da Turquia na UE a referendo na França depois das negociações, que serão abertas em outubro.

"As negociações durarão pelo menos 10 anos, talvez 15 ou 20", pois a Turquia e a Europa não estão preparadas", afirmou o premier. "Se depois das negociações a Turquia apresentar todas as condições necessárias será do interesse da França e da Europa acolhê-la", disse.

"Mas se o país não cumprir as condições de adesão a UE deverá propor uma associação de outro tipo", acrescentou Raffarin, que destacou o direito de veto de todos os membros do bloco durante as negociações.

Em uma resposta a François Bayrou, representante dos que são contrários à adesão e ex-membro da conservadora e governista União por um Movimento Popular (UMP), de Raffarin, cada vez mais afastada do governo, o primeiro-ministro disse que a França não abandonou seu direito de veto e o utilizará se necessário.

Particularmente crítico com Chirac e com a posição da França no Conselho Europeu, Bayrou, líder da centro-liberal União para a Democracia Francesa (UDF), disse que essa recente cúpula foi o "balanço triste e revelador da democracia francesa, do projeto europeu e do papel da França na Europa".

"Renunciamos a introduzir um elemento de liberdade com a associação privilegiada, renunciamos a introduzir um elemento de memória com o reconhecimento do genocídio ao povo armênio, renunciamos inclusive à solidariedade mais elementar aceitando que a decisão de 17 de dezembro seja tomada sem o reconhecimento prévio de Chipre, ocupado militarmente", afirmou o líder centrista.

O reconhecimento do genocídio armênio, cuja existência foi aprovada pelo Parlamento francês, foi um dos argumentos mais usados pelos deputados e até por Raffarin, que em um primeiro momento o mencionou implicitamente, mas, diante da crítica geral, disse que não era um problema para ele.

A oposição socialista, a primeira força política do país depois das últimas eleições regionais e européias, foi curiosamente a formação mais próxima do governo, já que até na UMP são muitos os que se opõem às negociações.

O socialista Jean-Marc Ayrault defendeu as negociações com a Turquia, depois de insistir que seu ingresso na UE dependerá de sua disposição de assimilar os valores europeus. Ayrault, todavia, disse que Chirac não deteve as interferências dos EUA.




Fonte: EFE

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