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Internacional
Terça - 19 de Outubro de 2004 às 19:43

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Especialistas da ONU visitaram hoje a nova fábrica brasileira de enriquecimento de urânio, na tentativa de resolver um impasse sobre as inspeções no local - embora ainda não esteja definida a área à qual os inspetores terão acesso. Os três funcionários da ONU entraram na fábrica de Resende, uma estrutura de concreto cinzento construída em meio à Mata Atlântica, sem falar com os jornalistas e ficaram no local durante pouco mais de seis horas.

Em Viena, uma porta-voz da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) minimizou comentários feitos por autoridades brasileiras, segundo as quais a agência estaria mais flexível. "Não vamos comprometer os nossos requisitos técnicos fundamentais, que vão garantir que não há desvio de material nuclear para fora da fábrica", disse Melissa Fleming.

A fábrica de Resende só pode começar a enriquecer urânio com a aprovação da ONU, mas o Brasil insiste em não oferecer acesso ilimitado às centrífugas aos inspetores, para proteger a sua tecnologia. O governo diz que a tecnologia nacional a ser usada em Resende é 30% mais eficiente e 25% mais barata do que a empregada na maioria das instalações similares nos Estados Unidos.

Os Estados Unidos acreditam que o Brasil de fato produzirá urânio apenas para suas centrais elétricas nucleares de Angra dos Reis, e não para a fabricação de bombas atômicas, mas pressionam o país a aceitar inspeções porque não querem criar um precedente para nações como a Coréia do Norte e o Irã, acusadas de desenvolverem armas nucleares.

O Brasil, que tem a quarta maior reserva de urânio do mundo, diz que vai processar uma quantidade muito pequena de material nuclear em comparação com outros países. Odair Dias Gonçalves, presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, disse que os três inspetores da AIEA vão analisar se o acesso limitado às centrífugas, como quer o Brasil, basta para garantir que não há desvio do urânio.

Ele também disse na segunda-feira que "a disposição dos negociadores da AIEA mudou", o que despertou o otimismo de que o impasse, que já dura meses, esteja preste a acabar.

Fleming disse que a AIEA não está barganhando a questão do acesso, e sim explicando os requerimentos mínimos para garantir que não haja desvio do urânio e discutindo cenários para isso. Os especialistas da AIEA que estiveram em Resende não comentaram o assunto, por se tratar de informação sigilosa.

O enriquecimento é o processo de purificar o urânio para usá-lo como combustível. Para ser usado em bombas, o material precisa ser cerca de 20 vezes mais puro do que o empregado nos reatores civis.




Fonte: Reuters

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