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Internacional
Sábado - 16 de Outubro de 2004 às 18:43

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Uma campanha coordenada está ganhando força na China pela libertação de Zhao Ziyang, ex-chefe do Partido Comunista preso por ser contra a reação do Exército aos protestos pela democracia na Praça da Paz Celestial, em 1989.

Zhao, que faz 85 anos no domingo, está em prisão domiciliar há mais de quinze anos, mas os atuais líderes do país estão apreensivos quanto à influência que ele exerce e temem que a morte de um ícone da reforma e da democracia na China moderna possa gerar protestos.

"Zhao Ziyang é um dos gigantes do movimento de reforma da China", disse em uma declaração Liu Qing, presidente do movimento de Direitos Humanos na China, com sede em Nova York.

Grandes grupos, que vão desde 12 até 100 pessoas, têm se reunido em frente à casa de Zhao em Pequim, pedindo permissão para vê-lo. Algumas pessoas conseguiram a autorização para registrar seus nomes e entrar na casa de Zhao.

"Ele já perdeu a liberdade por 15 anos, e é um homem idoso com saúde frágil. É hora das autoridades chinesas devolverem a sua liberdade e permitir que tenha direito a atividades sociais normais", disse Liu.

A Universidade Columbia quer aproveitar o aniversário de Zhao para organizar uma petição online a favor de sua libertação.

Zhao foi visto pela última vez em público no dia 19 de maio de 1989, quando pediu, aos prantos, para que os manifestantes deixassem a Praça da Paz Celestial, onde o protesto estava centrado. O governo chinês instaurou a lei marcial no dia seguinte, e o Exército esmagou o movimento entre os dias 3 e 4 de junho, matando centenas ou até milhares de pessoas.

Zhao foi acusado de tentar dividir o Partido Comunista e foi destituído de seu cargo. Ele foi substituído como secretário-geral do partido por Jiang Zemin, que se aposentou em 2002.

Segundo analistas, Zhao praticamente não tem chances de retornar à cena política e não tem o poder de influenciar o dia-a-dia da política chinesa. Mas alguns dos líderes envolvidos no massacre, ou que se beneficiaram dele, ainda estão vivos e influentes, e consideram Zhao uma ameaça à segurança ou um fantasma político que os assombra.

Segundo analistas, a morte de Zhao poderia tornar-se um problema político para a nova liderança chinesa, ao sintetizar as frustrações dos reformistas, dos trabalhadores descontentes com o desemprego e dos agricultores desiludidos com a diferença cada vez maior entre ricos e pobres.




Fonte: Reuters

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