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Saúde
Terça - 12 de Outubro de 2004 às 16:29
Por: Teresa Bouza

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A morte do ator Christopher Reeve, um defensor da pesquisa com células-tronco desde que um acidente o deixou confinado em uma cadeira de rodas, promete reacender o debate sobre um assunto que divide republicanos e democratas.

"Quero que volte a andar" disse John Kerry na sexta-feira, pouco antes da morte do ator, durante o segundo debate presidencial. O candidato se referiu a Reeve como um "amigo" e deu seu exemplo para defender a pesquisa com células embrionárias, condenada pelo Partido Republicano.

Reeve deixou no sábado uma "longa mensagem telefônica" para o democrata Kerry, poucas horas antes de uma infecção causar uma parada cardíaca que o levou ao coma irreversível.

"Era possível perceber o entusiasmo em sua voz e ele estava emocionado com a relevância atingida pelo debate das células-tronco", disse Kerry sobre a mensagem.

Bush proibiu há três anos a utilização de fundos adicionais para financiar a criação de novas colônias de células-tronco. Os especialistas apontam que sua decisão freou o avanço científico em um campo que poderia ajudar a encontrar a cura de doenças como o Alzheimer.

Mesmo assim, o fato de as células-tronco virem de embriões humanos, levou os grupos religiosos americanos a se oporem categoricamente a seu uso.

Reeve considerava a oposição dos republicanos "uma violação da separação entre Igreja e Estado no debate sobre o que fazer com esta tecnologia emergente". O ator comparou em várias ocasiões essa postura com a negação das testemunhas de Jeová a aceitar transfusões sanguíneas.

Reeve, que encarnou o Super-Homem no cinema, confiava cegamente em uma tecnologia e acreditava que poderia ajudar a superar as limitações da condição humana.

Curiosamente, o Super-Homem que o levou à fama sobreviveu à passagem do tempo porque conseguiu transcender essas limitações. O "homem de aço" que Reeve interpretou é imune às balas e está livre das amarras da gravidade e da passagem do tempo.

O mito de Super-Homem contrasta brutalmente com o destino de Reeve, que ficou totalmente paralisado ao cair de seu cavalo em 1995. O ator assegurou que depois do acidente se tornou em prisioneiro de um corpo que já não respondia a seu espírito indomável.

Em declarações há dois anos, três semanas antes de seu 50o. aniversário, Reeve afirmou que voltaria a andar em seu aniversário.

Apesar do pouco progresso na luta com sua doença, o ator travou uma incansável batalha em sua cadeira de rodas.

Durante os últimos anos, ele tentou convencer os legisladores dos diferentes estados a aprovar leis a favor da investigação embrionárias sem levar em conta a postura oficial da Casa Branca.

"Quero que as coisas caminhem rápido", afirmou recentemente. "Não quero sair desta cadeira de rodas quando tiver 75 anos... Não estou disposto a me resignar a defender uma pesquisa que beneficiará os outros quando eu já tiver morrido. Não sou tão nobre".

A morte de Reeve joga mais lenha na fogueira em um já acalorado debate que voltou à ordem do dia em junho quando Nancy Reagan afirmou que era a favor do apoio governamental à pesquisa com células-tronco. O apoio de vários legisladores republicanos põe Bush em uma situação ainda mais complicada.

O presidente americano assegura que apóia a pesquisa com as células já existentes, mas o consenso da comunidade científica aponta que essas células estão muito contaminadas e não são úteis.

Os críticos da pesquisa com células-tronco afirmam que a clonagem com fins terapêuticos poderia levar à clonagem com fins reprodutivos.




Fonte: EFE

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