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Politica Brasil
Segunda - 11 de Outubro de 2004 às 18:05

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O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Francisco Faiad, e o coordenador do Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral (MCCE), Antonio Cavalcante Filho, o “Ceara”, concluíram nesta segunda-feira a primeira fase do levantamento referente a irregularidades ocorridas nas eleições deste ano no interior de Mato Grosso. Nessa primeira leva, sete municípios tiveram suas situações levantadas. “Há muito mais para se fazer e vamos continuar nossa luta, ao lado do MCCE, para cada vez mais aperfeiçoarmos esse processo até que a sociedade toda se conscientize de que comprar ou vender votos não vale mesmo o risco” – disse Faiad.

Todas as denúncias estão sendo entregues ao Ministério Público Federal. Nos encaminhamentos, cópias das representações eleitorais com depoimentos de pessoas que confirmam o ato da compra/venda de votos. “Nossa expectativa é de que, a partir dessas denúncias, o MPF atue no sentido de apresentar as denúncias de cassação cabíveis” – enfatizou o coordenador do MCCE. Os municípios denunciados nesse grupo são: Vila Rica, Poconé, Porto Espiridião, Torixoréu, General Carneiro, Jaciara e Araputanga.

De acordo com Antonio Cavalcanti, as denúncias em todos esses municípios envolvem compra de votos. Mas também há casos também que colocam em questionamento o funcionamento do processo de votação. Em Vila Rica, dezenas de eleitores disseram que não tiveram condições de confirmar o voto após digitar o número de seus candidatos. A suspeita de que as urnas eletrônicas tenham apresentado defeito.

Na mesma cidade, ocorreram casos que se pareciam “sepultados” no processo político-eleitoral de Mato Grosso. Um deles envolve um eleitor que ao chegar a sua seção de votação, descobriu que outra pessoa já havia votado em seu lugar. Há também um caso em que foi achado título de eleitor no lixo. “Interessante notar que o título era de outra cidade e o eleitor, a princípio, pelo que estão nos autos, conseguiu votar em Vila Rica” – frisou o dirigente do MCCE.

Em Poconé, a denúncia de compra de votos envolve Clóvis Martins, candidato eleito a prefeito. Uma eleitora confirmou em juízo ter recebido R$ 175,00 para votar no candidato. O dinheiro foi captado por ela para o pagamento de conta de energia elétrica. A eleitora se arrependeu e disse que não votou em Martins. Em Porto Espiridião, José Serafim Borges, o Zezinho, teria prometido aos eleitores que resolveria a questão envolvendo a distribuição de água em uma localidade se conseguisse ser eleito. “Ele chegou a dizer que a obra começaria no dia seguinte após o resultado” – relatou “Ceará”.

O caso envolvendo a cidade de Torixoréo diz respeito a transporte de eleitores. A denúncia é de que inúmeros votantes foram trazidos de Goiás. Eles foram deixados na chácara do prefeito Lincoln Saggin. Pela lei, o transporte de eleitores é ilegal e só pode ser feito pela Justiça Eleitoral ou mediante autorização expressa. Na região, em General Carneiro, o candidato Juracy Moraes de Aquino, que disputava a reeleição, foi denunciado por distribuir cestas básicas em reservas indígenas. Também ocorreram denúncias de que índios mais jovens votaram no lugar dos anciões. Houve ainda caso de uso da máquina e distribuição de carne para eleitores.




Fonte: 24 Horas News

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