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Politica Brasil
Terça - 20 de Julho de 2004 às 08:53
Por: Nelson Francisco

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O governador Blairo Maggi reafirmou, na noite deste domingo (18.07), no programa Canal Livre, da Rede Bandeirantes, prioridades de sua gestão, como a defesa intransigente da preservação ambiental, reforma agrária, inclusão social e a garantia de infra-estrutura para atrair investidores para o Estado, assim como a logística de transporte para escoamento da produção. Estradas, Saúde, Educação e parcerias com diversos setores e uso correto do dinheiro público são alguns dos compromissos assumidos e que estão sendo cumpridos, assegurou o governador aos jornalistas Fernando Mitre, Bira Valdez e Joelmir Beting.

Na entrevista, Blairo Maggi frisou que é cumpridor da legislação ambiental, e que é possível conjugar desenvolvimento econômico com preservação ambiental. Defendeu, no entanto, limites entre Cerrado e Amazônia para áreas de cultivo. "Primeiro, precisamos dar uma olhada para saber o que é Amazônia Legal. 61% do território brasileiro estão na Amazônia. Desses 61%, nós temos abertos apenas 14,7%, e em 1,48% se faz agricultura", disse o governador, informando que a soja ocupa 0,98%. "Então, é muito pouca coisa. Nós temos uma legislação brasileira que é muita clara e muito rígida: tem que deixar 80% dessas áreas como reserva. A legislação diz e nós temos que obedecer", afirmou.

Ao ser interrogado pelo jornalista Fernando Mitre, sobre a preservação ambiental, Maggi informou que no entorno de Mato Grosso, Tocantins, Goiás e Pará, há 66 milhões de hectares de áreas de Cerrado ainda disponíveis para fazer agricultura. "Dá para sustentar o crescimento da soja mundial que nós temos nesse momento, que é de 3% a 5% ao ano, durante 20 anos. Não tem nada a ver com a Floresta Amazônica", esclareceu.

Economia - Maggi revelou, durante a entrevista, que nos 90 milhões de hectares - tamanho do território de Mato Grosso - é possível aproveitar apenas 40% da área e preservar os demais 60% para produzir 120 milhões de toneladas de grãos. "É quase o que o Brasil faz hoje e Mato Grosso poderá fazer sozinho. Nós estamos falando de um Estado que está produzindo, nesse momento, 21 milhões de toneladas de grãos e que vai produzir, até o ano de 2012, 45 milhões de toneladas de grãos", assinalou.

O governador disse que, apesar do potencial e da pujança da economia mato-grossense, o Estado utiliza apenas 8% do território para agricultura. "Eu não consigo entender onde está esse medo de acabar com a Floresta Amazônica. Eu disse à ministra [Marina Silva, do Meio Ambiente], que o Brasil precisa ousar um pouco mais na questão da preservação amazônica e dizer o seguinte: ‘Olha, vamos fazer uma moratória na Amazônia, vamos determinar onde é floresta, onde tem gente ou não e em muitos lugares não entra nem bicho, e vamos criar um cinturão, talvez 50%, 40%, e determinar uma moratória. Daqui a 50 anos, aqueles que estiverem no comando do País vão definir o que vão fazer com a Amazônia’".

Ambiente - Alvo de críticas internacionais, a preservação da Amazônia virou tema de intermináveis discussões. E a agricultura nessa região é mal vista por pessoas que não conhecem a realidade, nem tampouco as necessidades da população local. "O americano e o europeu nos pressionam e o que nós vamos fazer?", questionou o governador, ao responder críticas feitas pelo jornal The New York Times. "Eu já disse a esse jornal que entre uma árvore e cuidar de uma escola, de uma criança, eu vou ficar com a criança. Eu disse ao Banco Mundial que a nossa preferência, a nossa determinação, é de fazer o crescimento econômico dentro da legislação brasileira", afirmou Maggi, ao responder pergunta formulada por Fernando Mitre.

Ao lado Amazônia, o Cerrado também é um ecossistema criticado por ambientalistas pelo cultivo de soja, entre outros grãos. Em tempo, esclareceu Maggi, o Cerrado é uma terra inóspita que tem de ser corrigida para cultivo. "O solo do Cerrado é extremamente ruim. Ele não serve para nada, se você não corrigir. Então, com o passar do tempo, nos estamos deixando o solo muito bom. É uma riqueza que nós estamos construindo para o País. Caso contrário, não produziria milho, algodão, se não tivesse esse investimento. É possível fazer preservação ambiental e ao mesmo tempo produzir", frisou.

Questão fundiária - Questionado pelo apresentador do programa, Bira Valdez, sobre a questão fundiária com o Pará, o governador foi taxativo: "A área, Mato Grosso não precisa. O que acontece nessa região (Norte de Mato Grosso) é que as pessoas não sabem a quem recorrer. Há uma indefinição muito grande. Não tem interesses em jogo. Precisamos saber quem é responsável para construir escola, cuidar da saúde e dos índios. Pelos documentos, Mato Grosso tem razão", comentou.

A disputa judicial por uma área de 2,4 milhões de hectares ainda não demarcada na divisa dos Estados de Mato Grosso e Pará chegou ao Congresso Nacional. No mês passado, foi realizada, em Brasília, uma audiência pública promovida pela Comissão da Amazônia e Integração Nacional da Câmara dos Deputados. O procurador-geral João Virgílio Nascimento Sobrinho e o sub-procurador regional em Brasília, Dorgival Veras de Carvalho, apresentaram aos deputados uma farta documentação com convenções, leis e decretos que justificam a ação impetrada no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o Estado do Pará.

Outro assunto abordado na entrevista no programa Canal Livre foi a divisão territorial de Mato Grosso, com a proposta de criação de mais dois Estados: um no Pantanal e outro Norte do Estado. "O Estado era tão ausente nessa região que 80% da população queria a divisão. A população se sentia abandonada", disse Maggi, informando que, atualmente, todos os 139 Municípios são beneficiados com o Programa Meu Lar, cujas casas não têm valor de mercado e não podem ser vendidas, trocadas ou comercializadas, citando uma das ações sociais do seu Governo.

ESTADOS - Polêmica que se arrasta há anos, a questão de dívida dos Estados com a União também foi abordada na entrevista. Na ocasião, Maggi não perdeu a oportunidade para lamentar a renegociação de Mato Grosso que compromete 23% da receita do Estado. Mato Grosso recebe R$ 470 milhões do Fundo de Participação dos Estados (PFE) e devolve R$ 611 milhões por ano. "Vamos ter que renegociar essa situação", disse Maggi, que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal.

TRANSGÊNICOS - Sobre o cultivo de plantas geneticamente modificadas, o governador mantém sua posição. "Mato Grosso aguarda a definição da Lei de Biosegurança. O mercado vai decidir o que fazer. Os transgênicos não chegaram a Mato Grosso pura e simplesmente porque as variedades que se produzem no Rio Grande do Sul não servem para o Centro-Oeste. Caso contrário, já estariam lá (em Mato Grosso). Reconhecidamente, soja transgênica é mais barata para produzir. Tem alguma resistência a mais que a soja tradicional e não é o produtor que vai pagar essa conta", argumentou.

REFORMA AGRÁRIA - Durante a entrevista, o governador informou o projeto de reforma agrária do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) é mal-elaborado e que o fato de os sem-terra não receberam assistência adequada fez com que nada menos que oito mil lotes ficassem desocupados no Estado de Mato Grosso. "A situação do MST (Movimento dos Sem-Terra) não é muito grave. Eu tenho conversado com o MST, recebo os líderes do movimento no meu gabinete. Todas as invasões que tiveram foram desocupadas assim que a Justiça autorizou", disse ele.

Maggi reiterou apoio à agricultura familiar, que beneficia os pequenos produtores por meio do Programa Nossa Terra Nossa Gente, que está assegurando terras e moradia ao homem do campo com idade acima dos 45 anos.

INVESTIMENTOS - Blairo Maggi disse ainda que Estado de Mato Grosso busca investidores para agregar valor à produção agrícola com a instalação de fábrica de tratores, fertilizantes, agroquímicos e insumos. Enquanto o País cresceu apenas 3% em 2003, disse Maggi aos jornalistas, Mato Grosso cresceu 8,5%. A meta é crescer 10% ao ano.

Para atender essa demanda, com a estimativa de produzir, até 2012, 45 milhões de toneladas de grãos, serão necessários pelo menos três mil tratores, 1.250 colheitadeiras, 1.250 caminhões, mais de 500 mil toneladas de fertilizantes, milhares de implementos agrícolas, 60 mil empregos direitos e 180 mil indiretos.




Fonte: Secom - MT

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