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Quinta - 17 de Abril de 2014 às 16:41

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Uma lembrança da última Copa do Mundo realizada no Brasil, em 1950, pode estar guardada no Sul de Minas. As traves de madeira, que estavam instaladas no Maracanã na fatídica derrota para o Uruguai na final da competição, em pleno Maracanã lotado, hoje estariam na Casa da Cultura de Muzambinho, cidade de 20 mil habitantes e que fica há cerca de 400 quilômetros da capital Belo Horizonte. Uma pesquisa está sendo realizada para comprovar se as traves realmente são as mesmas utilizadas em 1950, já que há outras versões que dão outro destino para as famosas estruturas.

A história teria começado com o pai do contador Célio Sales, que era amigo do administrador do Maracanã. Como as traves seriam trocadas por outras mais modernas, ele pediu o material para levar para o Estádio Antônio Milhão, em Muzambinho. As traves chegaram ao Sul de Minas em 1958, após 14 horas de viagem.

- Meu pai aproveitou a oportunidade de uma coisa que era considerada amaldiçoada no Rio de Janeiro para trazer um patrimônio histórico para Muzambinho. Lá com certeza as traves seriam jogadas fora - explica o contador.

Após as traves serem instaladas, teve até jogo de inauguração. O Fluminense do técnico Telê Santana enfrentou o time de Muzambinho. Hoje com 89 anos, o ex-jogador Adolfo Vieira “Corote” participou da partida e fez até gol.

- Naquele tempo ninguém lembrava das traves não, as pessoas lembravam do jogo. Eu queria ver a bola entrar - conta.

Depois de cerca de 20 anos na cidade, as traves foram para na zona rural do município. Elas foram doadas a um agricultor do bairro São Domingos que as instalou em um campinho onde permaneceram por mais 10 anos. Depois disso, as traves foram levadas para a Casa da Cultura de Muzambinho. No entanto, o filho do agricultor presenteado, Antônio Carlos Sandy, guardou um pedaço de lembrança.

- Uma vez teve um vendaval muito forte e um eucalipto caiu em cima da trave. Mesmo partida no meio, o meu pai arrumou com chapas de metal, mas com o tempo ela foi corroendo na base e não teve mais jeito de usar. Resolvi então guardar um pedaço com a última camada original - diz.

Na Casa da Cultura é possível ver uma das traves montadas, além de outros três pedaços.

Outra versão

Apesar do depoimento dos moradores de Muzambinho, existe uma outra versão para o destino das traves. O livro ‘Queimando as Traves de 50’ conta que o goleiro Barbosa, que sofreu o gol de Gighia naquela final, teria dito que ganhou as traves e queimou a madeira em um churrasco. Versão que o historiador Fernando Magalhães não acredita.

- Existe esse depoimento do Barbosa que poderia ser entendido como metáfora, uma brincadeira dele. Mas a gente tem que respeitar também a memória do jogador que foi um grande goleiro - afirma o historiador.

Pesquisa para identificação

Para ajudar a esclarecer a dúvida, um pedaço da madeira está sendo analisado no Laboratório de Anatomia da Madeira, na Universidade Federal de Lavras, também no Sul de Minas. O professor Fábio Mori explica como funciona o trabalho.

- Temos umas 800 amostras de madeiras brasileiras totalmente catalogadas e essa madeira das traves não bateu com nenhuma amostra que temos aqui. Vamos agora tentar identificar essa espécie e verificar o histórico da Fifa para saber qual é a madeira que eles compraram para fazer essa trave - alega.





Fonte: Globo Esporte

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