Repórter News - www.reporternews.com.br
Nacional
Segunda - 26 de Janeiro de 2015 às 20:41

    Imprimir


O reservatório de Santa Branca, um dos quatro que abastece o Estado do Rio de Janeiro, atingiu o volume morto. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (26) pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) em boletim diário datado de domingo (25). O Santa Branca é o segundo dos quatro reservatórios a chegar ao nível zero. A hidrelétrica operada pela Light foi desligada por determinação do ONS. Na quinta-feira (22), o reservatório de Paraibuna também atingiu o volume morto.

O informe da ONS também aponta que os reservatórios de Funil e Jaguari estão mais próximos de atingir o volume morto em relação à semana passada. O nível do Funil era, no domingo passado, de 3,75%, e o de Jaguari, 1,72%. Paraibuna, Santa Branca, Funil e Jaguari abastecem o rio Paraíba do Sul, principal fonte hídrica do Estado do Rio de Janeiro. O rio abastece 70% da população fluminense.

Na sexta-feira (23), o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), fez um apelo para que a população do Estado economize água. Ele afirmou que a estiagem não deve motivar um aumento na tarifa de água. Segundo ele, serão praticados somente os reajustes previstos.

— Não está previsto. Só os aumentos no período dos reajustes. Mas a gente não quer tomar essa medida. Nesse momento não é necessário. Mas tem gente que defende, outros né, o presidente da Cedae [companhia de saneamento] acha que não é necessário essa medida no momento, então eu não pretendo mudar nesse momento, mas faço um apelo que a gente economize e não desperdice água.

O secretário de Estado de Meio Ambiente, André Correa, afirmou que não há risco de racionamento no Estado pelo menos nos próximos seis meses. Após esse período, segundo o secretário, pode haver racionamento em caso de "seca absoluta". Correa afirmou que, se a estiagem continuar, as empresas que atuam ao longo do rio devem sofrer com um possível desabastecimento, já que a prioridade é o abastecimento humano.

— Como a prioridade é abastecimento humano, se nós tivermos alguma dificuldade, essas empresas podem ter problemas de operação. De acordo com o secretário, as empresas já foram avisadas há mais de um ano sobre os possíveis problemas de desabastecimento.

Segundo especialistas ouvidos pelo R7, a crise hídrica poderia ter sido evitada com uma gestão mais eficiente do rio Paraíba do Sul. Eles foram unânimes em afirmar que faltou entendimento entre os responsáveis por operarem os reservatórios — ONS (Operador Nacional do Sistema), ANA (Agência Nacional de Águas) e os governos estaduais de Rio de Janeiro e São Paulo.

De acordo com Marilene Ramos, do Centro de Regulação e Infraestrutura da FGV (Fundação Getulio Vargas) e ex-presidente do Inea (Instituto Estadual do Ambiente), não era difícil prever uma redução dos níveis dos reservatórios no ano passado. Porém, o período eleitoral levou os gestores a tratarem o cenário com otimismo.

— No ano passado, já tivemos um verão seco. Mas os gestores apostaram que, este ano, teríamos um volume maior de chuvas e os reservatórios se conservariam. No entanto, este verão está sendo mais seco do que o anterior. Por isso, os reservatórios estão mais baixos.

Paulo Carneiro, pesquisador do Laboratório de Hidrologia da Coppe/UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), explica que outro problema é o fato de a bacia ser usada para abastecimento de água e geração de energia.

— Precisamos chegar a um consenso de qual é a prioridade. A energia que é gerada com as hidrelétricas é menor do que 1% do total do Sistema Nacional Interligado. Mais água poderia ter sido estocada nos reservatórios, se o setor elétrico não fosse mais um usuário. Esta é uma discussão que precisa ser retomada agora.





Fonte: Do R7

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/407760/visualizar/