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Nacional
Sexta - 17 de Abril de 2015 às 10:16

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"Quando soube que os quíntuplos em São Paulo tinham nascido essa semana fiz uma oração e pedi força para os pais cuidarem dessas crianças", conta Sidneia Daufemback Batista, de 35 anos, que também é mãe de quíntuplos e cria as cinco filhas sozinha em Braço do Norte, no Sul de Santa Catarina. Sidneia e o marido se separaram quando as meninas tinham seis meses de idade. Ela diz que deixou mensagens de apoio ao casal de Santos (SP), Karina Bárbara Barreira e João Biagi Júnior, que teve cinco filhos na segunda-feira (13).


"Pela página deles em uma rede social ofereci uma ajuda caso eles queiram dica, sugestão porque eu tenho experiência. Enquanto ela estava grávida desejei sorte e eles agradeceram o apoio", diz Sidneia.
Após três anos é que comecei a dormir na minha cama"
Sidneia Batista, mãe de quíntuplas

Na casa no Centro de Braço do Norte moram Sidneia e as filhas Evelin, Isadora, Poliana, Samanta e Vitória, nomeadas pela ordem de nascimento. As meninas completam cinco anos em agosto.

"A rotina é corrida, cansativa e ao mesmo tempo prazerosa." Sidneia conversou com o G1 enquanto dava atenção às filhas antes de dormirem. Curiosas, as pequenas rodeavam a mãe durante a entrevista e "foram adormecendo uma a uma".

"Exige muita paciência, carinho, dedicação e organização. Tem um momento que a Karina vai sentir desespero, todos vão chorar ao mesmo tempo, mas ela tem que parar e pensar 'eu dou conta'", afirma a mãe catarinense.

“Pelo carinho, preocupação que elas têm comigo, é inexplicável, é um amor muito bonito de se viver. A cada dia é uma novidade. São muitas emoções boas e também preocupações com a comida na mesa, roupa”, afirma.

Atração na cidade
Um passeio até a praça vira atração na cidade e atrai os olhares dos moradores. "Sempre procuro fazer alguma atividade com elas, dar uma volta. Elas adoram passear, ir à casa da avó, ao parque. Em dias de menos movimento, vamos a pé, todas de mãozinhas dadas, aí olham e já falam 'lá vêm as quíntuplas'. Todo mundo na cidade conhece, mas sempre tem um que quer bater foto, fazer perguntas", conta Sidneia.

Rotina
As cinco meninas dormem no mesmo quarto e a mãe em outro. Mas as seis dormiram juntas durante cerca de três anos. “No começo eu ficava numa cadeira; depois passei para um sofá; depois para uma poltrona. Com três anos é que comecei a dormir na minha cama. Mas sempre tem uma que durante a noite pergunta se pode dormir pertinho da mãe e tem aqueles dias que às 8h da manhã está todo mundo na minha cama, vem uma de cada vez.”
Meninas não se importam em usar roupas iguais, diz a mãe

As filhas acordam entre 8h30 e 9h30, mas às 7h Sidneia está de pé "para deixar a casa organizada, tomar café, adiantar o almoço". Ao acordarem, as crianças tomam mamadeira e vão brincar.

"Quando não tem balé, elas ficam brincando, andando de bicicleta e vou aproveitando para fazer o que precisa, mas de olho nelas, pois sempre tem uma briguinha. Me envolvo com os deveres da escola, levando para o inglês, para o balé, colégio, tem as roupas, faço a comida.”

Ela conta que a meninas não se importam de vestir roupas iguais. Elas têm gostos parecidos. "Mas geralmente coloco roupas diferentes. Enquanto coloco a meia-calça em uma, coloco a sapatilha em outra e elas vão se vestindo enquanto isso."

O prato preferido das garotas é feijão com arroz, carne e batata frita. “Eu tento dar almoço junto, trocar de roupa ao mesmo tempo, para mim fica mais fácil.”
Meninas fazem todas as refeições juntas

O almoço é servido para todas entre 11h e 12h. Elas se arrumam para sair para a aula às 12h50. Para levar as filhas às atividades, a mãe utiliza um carro com sete lugares. Nele há cinco cadeirinhas. O veículo foi adquirido com doações e contribuição de familiares em 2012.

“Elas estudam de tarde. É quando aproveito para pagar as contas, fazer o que precisa. Começo cedinho a organizar o dia. Eu não tenho tempo para mim, mas estou numa fase que, às vezes, paro uns minutinhos durante a tarde para sentar, tomar café, descansar."

Quando as meninas chegam da aula, por volta das 18h, a mãe serve um lanche e depois brinca, conversa e assiste desenhos com elas. Entre 19h30 e 20h, elas vão para o banho, uma de cada vez, e dormem entre 21h e 22h.

“Fico no sofá com elas e depois de dormirem levo no colo para a cama. Mas geralmente levo para o quarto e elas vão vendo desenho e pegando no sono.”

Amigas inseparáveis
“Elas são muito amigas, parceiras. Têm o mesmo gosto, gostam dos mesmos filmes, das mesmas brincadeiras. Tem dias que brigam. Tenho que estar por perto, se não é puxão de cabelo, tapa”, explica.

As cinco estudam na mesma sala de aula no pré-escolar de uma unidade de ensino particular em Braço do Norte. “Elas estudam na mesma turma porque uma sente muito a falta da outra, estão sempre juntas. Mas a professora sempre separa para as atividades”, explica Sidneia.
“Elas estudam na mesma turma porque uma sente muito a falta da outra"
Sidneia Batista

As meninas entraram na escolinha com dois anos e meio e Sidneia contou com o auxilio de alguns dos padrinhos das garotas para manter as mensalidades. Atualmente três delas são bolsistas. As mensalidades das outras duas meninas são pagas com auxílio de familiares. Na aula de inglês e de balé todas elas são bolsistas. Elas frequentam as atividades juntas duas vezes na semana pela manhã. “Tem que achar uma ocupação.”

“Parei de trabalhar e até hoje não consegui voltar. Faço uns bicos, um extra nos finais de semana como fotógrafa, de vez em quando. Todo fim de ano eu e minha irmã produzimos calendários com as fotos delas. Algumas empresas encomendam grande quantidade para dar para os clientes e fico com alguns sem propaganda para vender. Vou em todo canto, de casa em casa. Geralmente o pessoal contribui”, afirma.

Atualmente a família vive com recursos do governo estadual. Em abril de 2010 foi regulamentada uma lei para que famílias com trigêmeos ou mais filhos recebam auxilio de R$ 357 mensais por criança até que completem seis anos. A família de Sidneia passou a ser beneficiada em 2012. “Depois tenho que pensar no que fazer. Trabalhar e deixar as meninas com alguém, não sei ainda”, diz Sidneia.

“Consigo entrar em uma loja de brinquedos sem levarem nada. Elas só comentam ‘mamãe, um dia você me dá isso?’. Eu negocio, converso com elas”, afirma. Os padrinhos das meninas também costumam presentear a afilhada e as irmãs. “Eles sempre trazem uma lembrancinha. No último Natal foi a bicicleta. Aí falei com todos e cada uma ganhou a sua.”

Personalidades
A mãe conta que, com o passar dos anos, as semelhanças entre as filhas foram ficando mais distantes. “Elas têm gostos parecidos, mas personalidades fortes e distintas. A Vitória é mais calma, mais carinhosa, gosta de brincar com o que é dela. A Samanta é vaidosa, adora maquiagem, um anel, um brinco, gosta de trocar de roupas. A Poliana é sempre muito atenta, é amiga de todas e se preocupa com as irmãs. A Isadora é super ativa, muito antenada, está sempre dentro. A Evelin é mais envergonhada, mas muito brincalhona”, detalha.

Primeiros cuidados
Em 2008 ela engravidou de um menino, que faleceu poucos dias após nascer. “Fiquei muito triste e todos os dias nas minhas orações eu pedia a Deus que eu fosse mãe de novo. Acho que pedi demais”, brinca Sidneia. Ela engravidou naturalmente das cinco meninas em 2010.
Pedia a Deus que eu fosse mãe de novo. Acho que pedi demais"
Sidneia Batista

Os cuidados começaram ainda na gestação. “Descobri que estava grávida com um mês, com dois meses foi confirmado que eram cinco. Tive um susto enorme, passaram mil coisas na cabeça, mas se Deus me deu é porque eu tinha condições”, relembra.

“Nos primeiros meses tive muito enjoo, perdi peso, fui para o hospital por desidratação, fiz repouso absoluto. Os exames eram frequentes. No quarto mês eu soube que seriam todas meninas. Eu dizia: 'será que não tem nenhum menino aí no meio?' Hoje avalio que, se tivesse um menino, seria mais difícil, pois elas têm o mesmo gosto", afirma a mãe.

Pouco menos de um mês antes do parto, Sidneia ficou hospedada na casa de um tio em Florianópolis. Quando estava com sete meses e duas semanas fez uma cesariana na maternidade Carmela Dutra, na capital.
Ela teve as quíntuplas no sétimo mês de gestação

“O hospital de Braço do Norte é pequeno e o de Tubarão não teria cinco incubadoras. Ia ao especialista em Florianópolis. No final, toda semana tinha ultrassom e na última, em uma quarta-feira, vimos que uma delas estava sem líquido suficiente e marcamos a cesárea para sexta-feira, dia 20 de agosto. Nasceram bem, a menor com 1,050 kg e a maior com 1,280 kg. Foram 35 dias na neonatal e 40 de hospital.

Eu as amamentei durante três meses. Depois em casa a rotina era muito corrida, aí elas passaram a tomar leite em pó de recém-nascido. Elas comiam a cada duas horas e tudo era anotado em um caderninho. Cada uma tinha uma pulseirinha com o nome. Eu, como mãe, nunca confundi, mas minha mãe, minha irmã também ajudavam”, conta Sindneia, que chegou a contratar três babás para ajudar a cuidar das meninas.

Até os dois anos, Sidneia contou com o apoio da família para cuidar e criar as meninas. “Me separei quando elas estavam com seis meses. Foi difícil, com crianças pequenas, cheia de dívidas, foi tudo muito difícil, mas tive que dar um jeito, me virar em dez mães. Um ajudava daqui, outro dali. Chegava uma hora que precisava respirar, não dava tempo nem de comer”, conta sobre a rotina de mãe de quíntuplas.

Segundo Sidneia, o nascimento dos quíntuplos em Santos fez relembrar o nascimento das filhas. “Passou um filme na minha cabeça. São muitos momentos difíceis, mas toda a preocupação e atenção a elas são substituídas pelo carinho que elas me dão”, afirma.




Fonte: DO G1

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