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Economia
Terça - 18 de Abril de 2017 às 22:48
Por: Por Lislaine dos Anjos, G1 MT

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JBS concedeu férias coletivas a funcionários de quatro plantas em Mato Grosso; atividades retomam no dia 24, diz empresa (Foto: Globonews)
JBS concedeu férias coletivas a funcionários de quatro plantas em Mato Grosso; atividades retomam no dia 24, diz empresa (Foto: Globonews)

A suspensão das atividades de quatro plantas frigoríficas da JBS S/A em Alta Floresta, Juína, Pedra Preta e Diamantino, há mais de 20 dias, fez com que os abates caíssem pelo menos pela metade, segundo os pecuaristas. De acordo com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), três plantas de outras empresas também suspenderam as atividades em Várzea Grande, Tangará da Serra e Matupá.

Os abates foram suspensos após a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, que investiga fraude na produção e comercialização de carne e corrupção envolvendo fiscais do Ministério da Agricultura e produtores. A JBS, então, anunciou férias coletivas em quatro dos 11 frigoríficos que possui no estado a partir do dia 3 de abril. Nesta terça-feira (18), empresa confirmou a retomada das atividades na próxima segunda-feira (24).

Ao G1, o pecuarista Raphael Nogueira, que trabalha no ramo há 20 anos em Castanheira, a 780 km de Cuiabá, afirmou que o fechamento da planta da JBS em Juína – que absorvia 80% da produção da região – fez com que o número de abates na região, que girava em torno de 800 unidades por dia, caísse para 200 abates diários logo após a operação ser deflagrada.

“Nos primeiros sete dias após a operação, teve a queda gigantesca de abate. Na segunda semana, quando eles anunciaram a suspensão das atividades e as férias coletivas, a arroba caiu de 10% a 15% em toda a região”, disse.

Conforme o produtor, a melhor opção para os produtores da região foi atender a uma planta em Tangará da Serra, a 242 km da capital, porém com o preço da arroba abaixo do que era praticado desde o início do ano.

“A queda real de preço da arroba aqui foi de até 12% e o pecuarista começou a segurar a venda de boi para abate, e colocou o bezerro em desmama à venda, porque foi a opção criada para fazer dinheiro. Mesmo assim, a queda de preço da desmama foi de até 7%. Agora, a arroba do boi aqui já está R$ 121, R$ 4 a menos do que estavam pagando no começo dessa crise”, afirmou.

Queda da arroba

Segundo a Acrimat, o preço da arroba do boi caiu 4,6% nos últimos 30 dias, em comparação com o mês de abril de 2016, a queda é de 10,6%, passando de R$ 136,8 para R$ 122,27, de acordo com índice do Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada (Cepea) para Cuiabá.

A decisão dos frigoríficos em conceder férias coletivas após a operação é vista pelo setor produtivo como uma estratégia de mercado para manipulação de preços. De acordo com o diretor-executivo da associação, Luciano Vacari, a manobra fica mais evidente ao comparar o movimento dos preços no campo com o varejo.

“Mais uma vez, o pecuarista paga sozinho a conta e o consumidor final não sente os reflexos efetivos da queda no preço da arroba. A demanda interna se manteve e as exportações em março não foram prejudicadas com as oscilações de mercado. Mesmo assim, a arroba caiu mais de 10%”, avaliou.

Prejuízo

Desde o início da Operação Carne Fraca até o dia 13 deste mês, a JBS perdeu 15,35% do seu valor de mercado, que era R$ 32,6 bilhões antes da operação e encerrou o ultimo pregão valendo R$ 27,6 bilhões, segundo a empresa de informações financeiras Economatica. Apesar de toda a repercussão negativa do caso que completou um mês nesta segunda-feira (17), as exportações de carne brasileira aumentaram em março.





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