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Saúde
Segunda - 15 de Abril de 2024 às 15:16
Por: Juliana Alves/Gazeta Digital

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Chico Ferreira










Optar pela automedicação e ingerir remédios da moda para emagrecer pode ser perigoso para a saúde e sair caro. Basta pesquisar na internet ou ser influenciado pelas redes sociais que muitos buscam remédios caríssimos como o Ozempic, Wegovy, Saxenda, Contrave, Venvanse ou Juneve, Orlistate e Sibutramina, para perder alguns quilos.

Muitos são vendidos sem a necessidade de receita médica e podem provocar efeitos colaterais como náuseas, vômitos, diarreia, constipação intestinal e até risco de doenças cardiovasculares. Carolina Nalin, 35, foi influenciada pelas redes sociais e gastou R$ 3.500 em Ozempic e R$ 1.200 em Saxenda. Ela decidiu por essas medicações após ver o resultado em outras pessoas na internet e, por conta própria, tomou os remédios. Usou cada um, de forma separada, por três meses e sentiu muitas náuseas e cólicas intestinais, além de dores de cabeça.

Carolina conta que estava com sobrepeso e decidiu tomar as medicações por estética. Durante o uso do Ozempic e da Saxenda, perdeu 10 quilos, porém engordou 12 kg após parar com os remédios. Diante dos efeitos colaterais e do ganho de peso após o uso dos remédios sem orientação, procurou um endocrinologista. “Ele disse que eu não deveria usar sem prescrição, porque estava só gastando dinheiro e sentindo os efeitos colaterais e que, daquela forma, não teria resultados”.

O especialista receitou ansiolíticos e reeducação alimentar. Carolina conta que se arrepende da automedicação e que se sente frustrada, pois gastou dinheiro e continua no sobrepeso. A endocrinologista Maria Luisa Trabachin Gimenes esclarece que cada caso é um caso. Não é porque determinado medicamento funcionou em uma pessoa, que funcionará em outra. O índice de massa corporal, o fenótipo da fome e as comorbidades são apenas alguns dos fatores avaliados para se receitar algum tratamento, que pode incluir remédios da moda, porém da forma adequada.

“É importante passar por um especialista para que o mais precocemente possível essa avaliação seja feita e que se faça um tratamento adequado que, muitas vezes, não vai envolver o uso de medicações caríssimas. Além de gastar dinheiro à toa, pode fazer mal à saúde. É só prejuízo no final das contas”.


‘O simples funciona’, lembra nutricionista


A nutricionista Lorrane Pienaro da Cunha conta que as pessoas estão cada vez mais imediatistas, buscando soluções milagrosas ao iniciarem as dietas ou automedicações da moda, desejando os corpos irreais da internet. “Elas não pensam na qualidade de vida, longevidade, pensam só em uma resposta rápida. O simples funciona. Eu vejo pessoas que se não tiverem 10 comprimidos e três pós para tomar, para ela não está bom”.

Muitas pacientes acompanham determinadas blogueiras, que têm rotinas e cuidados completamente diferentes e querem ficar igual ao que viram na internet, sem considerar o seu dia a dia e biotipo. Em outros casos, acabam acreditando nas histórias “milagrosas” das redes sociais e compram suplementos caros.

A especialista explica que a alimentação equilibrada, com arroz, feijão, carne, legumes e frutas, é responsável por cerca de 80% de vida saudável e, consequentemente, pelo emagrecimento. Pontua que dietas da moda não são duradouras e que toda restrição alimentar, a longo prazo, gera compulsão. No caso dos medicamentos, caso o paciente não mude os hábitos alimentares, engordará novamente. “Comer comida de verdade funciona e é mais barato”.


Dietas ‘milagrosas’ não deram resultado


Juliana Bormann dos Santos, 39, emagreceu 12 quilos após tomar Ozempic por 45 dias, com orientação médica. Antes de procurar por atendimento de um endocrinologista, para tratar outra doença, ela tentou seguir várias dietas “loucas” da internet e não adiantava.

Pelo Instagram, ela aprendeu a dieta da sopa e a do ovo, que até tinham pequenos efeitos de emagrecimento, mas eram muito restritas e Juliana não aguentava seguir e manter o resultado. Após 10 anos tentando emagrecer, ela precisou procurar um especialista para o tratamento de uma outra doença, mas ele seria realizado à base de corticóides e ela ganharia mais peso. Diante do caso, manifestou ao especialista a vontade de emagrecer para seguir com seu tratamento. Nos primeiros dias de uso do Ozempic, conta que sentiu náusea, mas se acostumou após alguns dias.

O medicamento tirou seu apetite, ela passou por reeducação alimentar e há seis meses pratica atividades físicas para manter o corpo conquistado.


Médica ressalta uso abusivo


A endocrinologista Maria Luisa Trabachin comenta sobre a venda irrestrita de determinados medicamentos que são usados para emagrecer e aponta a necessidade de receita de controle, por conta do uso abusivo desses remédios. Destaca que novos medicamentos estão sendo aprovados no Brasil após comprovação de eficácia na perda de peso, mas ainda não são vendidos e as pessoas estão importando O remédio deve chegar ao país custando, em média, R$ 4 mil.

A médica ressalta que a obesidade é uma doença e que precisa de tratamento, mas alguns querem apenas perder alguns quilos por estética e preferem a via mais fácil para perder peso rápido. O uso irregular pode fazer com que o paciente se automedique com remédios tarja preta para transtornos alimentares, sem ter compulsão, e acaba viciado e provocando diversos problemas de saúde.

A endocrinologista ressalta que muitos remédios sequer têm estudos que apontem qualquer eficácia. “Tem um monte de pura enganação. Lógico que vai acabar tendo perda de peso muitas vezes, porque é um laxante, está fazendo efeito diurético, mas é algo que não é saudável. É algo que daqui a pouco você vai parar de tomar, porque não dá para tomar para sempre, e isso faz você ganhar todo o peso, porque o seu corpo vai ficar saudável”.





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