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Opinião
Segunda - 24 de Junho de 2019 às 10:04
Por: Juacy Silva

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Quando nascemos, na verdade iniciamos uma caminhada que, para algumas pessoas pode ser longa, chegar aos cem anos ou mais; para outras pode ser bem curta ou curtissima, quando muitas crianças voltam ao espaço cósmico de onde vieram, sem a menos terem podido falar, dizer de como seriam suas aventuras nesta planeta azul, chamado terra, que esta sendo destruido impiedosamente pela ganancia humana.

Outras pessoas, ainda crianças, adolescentes e jovens acabam enveredando por estradas mal assombradas, cheias de obstáculos e tantos desafios, como a violência doméstica, a violência urbana, o mundo tenebroso das drogas, a experiência de viver em um meio dominado pelo crime organizado, pelo banditismo, pelas execuções sumárias, onde a violência e a morte estão bem próximas.

Essas pessoas antes mesmo de terem tido a oportunidade de traçarem seus planos de voos, como acontece com os pilotos das aeronaves, ja conhecem o sofrimento, o abandono, a destrruição de lares e familias que vivem no submundo da exclusão, jamais são vistas a não ser como números macabros e estatísticas policiais.

Ao longo da vida, cada pessoa percorre um trajeto, que podemos denominar como já tão cantada e decantada em algumas canções, como a bem conhecida “pelas estradas da vida”, de Marcelo Cavalcante, que diz “Eu vi muita gente sonhando e esquecendo de viver; sentindo frio e medo de morrer; eu vi muita gente chorando”, que muito bem retrata tantos dramas vividos por milhões de pessoas no Brasil e ao redor do mundo.

Nesta mesma saga também muitos demonstram que não precisamos ter pressa em nossa caminhada e nem devemos “apressar o curso do rio, ele tem seu curo natural”, pois quem tem pressa acaba se cansando de tudo, inclusive de viver. Nesta pressa de viver, de lutar, de conquistar bens materiais, status, poder, privilégios, fama muitas pessoas se esquecem que ao final da jornada, o que é “pó, voltará a ser pó”, só a transcendência, a alma será libertada, de onde ficou aprisionada por um corpo frágil, para outra caminhada, rumo ao infinito, ao cosmo ou para quem acredita, para o paraiso ou o inferno, algumas pessoas, como os católicos ainda indicam mais um lugar de parada, que é o purgatório, ou outros que acreditam na reencarnação e em sucessivas vidas futuras, neste mesmo plano existencial terreno.

O fato concreto é que ao chegar ao final de nossa jornada terrena, nada mais importa, nada, nem ouro, nem bens materiais, nem propriedades, nem ações, nem cartões de crédito, nem bolsa familia ou outras migalhas para manter os pobres na miséria e na pobreza, nada, nada mesmo vai ser colocado no caixão.

Muitas pessoas ao comparecerem a um velório, ao redor do caixão irão refletir sobre o real significado da vida, muita gente chora pela partida de um ente querido ou até mesmo pelo fim da jornada de um índolo, que tanta euforia causou aos seus fans, mesmo esses e essas famosas, terão que cortar a fita da linha da chegada e ai irão caminhar sozinhos, sem bajulações e sem glória, rumo ao desconhecido, mas pouco importa, a jornada chegou ao fim, como em uma rua sem saida, assim é a estrada da vida.

Mas antes de chegar a reta final e `a linha de chegada, muitas pessoas param um tempo para reparar as mazelas, para curarem as próprias feridas e as que ajudaram a causar em outras pessoas, muitas das quais diziam amar, mas que na verdade ajudavam a sofrer.

Basta visitar os presídios, os manicômios psiquiátricos, os hospitais, os asilos de idosos e idosas, muitos e muitas das quais abandonadas pelos filhos, filhas, pela familia. Esta é uma realidade da qual não podemos nos furtar e imaginar que não existe, simplesmente por que não temos olhos para ver, nem ouvidos para ouvir os gritos, os gemidos e os pedidos de Socorro que vem desses lugares sombrios, ante-salas , para alguns do inferno e para outros, um espaco de purificação.

No afã de apressar a jornada, na correria estafante e sem sentido de uma vida agitada, nunca temos tempo para refletir, para fazer uma pausa, fazer um balanço do quanto já caminhamos, se nosso plano de viagem está correto ou precisa de uma correção de rumo, principalmente para aquelas pessoas que já passaram da metade da jornada que hoje, estão em seu pleno vigor entre 40 e 50 anos, ou mesmo aquelas que ainda estão no primeiro terço da caminhada.

Será que não seja este o momento da gente refletir mais sobre o sentido da vida, nossas próprias vidas? Em que sentido estamos construindo uma estrada bem pavaimentada, que facilita a caminhada, principalmente em sua etapa final, quando já estivermos iniciando ou em pleno processo de envelhecimento? Por que não encaramos a realidade da vida? Porque continuamos a nos enganar, fazendo de conta que viveremos 150 ou 200 anos, quando sabemos que apenas 1%, 2% ou 3% das pessoas, em alguns paises, chegarão ao centenário?

E o que falar sobre paises e regiões cujas expectativas de vida, em pleno século 21, não passam dos 50 ou 60 anos? Como está sendo e como será a caminhada “pelas estradas da vida” nos diversos países e a vida das pessoas em cada espaço determinado?

Ai é apropriada a letra da canção de Almir Sater “Tocando em frente”, que diz …”Ando devagar porque ja tive pressa, e levo este sorriso porque já chorei demais” e em outro verso “É preciso amor para poder pulsar, E preciso paz para poder sorrir, e preciso a chuva para poder florir” e, finalmente, algo que nos toca no fundo do coração e da alma , quando ele diz … “penso que para cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente, como o velho boiadeiro”, creio que uma referência direta `a realidade do pantanal, que tambám está sendo destruido impiedosamente nos últimos tempos.

Por isso, precisamos não apenas escrever e detalhar nosso plano de viagem aqui na terra, mas também reconhecer nossas limitações e nossas possibilidade de sermos felizes e tornar a vida das pessoas que nos cercam mais alegres, mais felizes e mais harmoniosas, este será o nosso legado aos que conosco vivem ou convivem.

Dai a força de uma máxima, simples que diz “vamos espalhar mais amor e menos rancor”, este é o grande segredo e significado da vida, a nossa bússula para nos guiar em nossa jornada, cuja finitude é a única coisa concreta que sabemos, desde quando viemos ao mundo.

Uma última palavra, com frequência fico sabendo ou recebo noticias de amigos e amigas, com os e as quais convivi durante anos ou décadas, desde os tempos da Escola Erasmo Braga em Dourados, MS, do JMC, escola protestante de primeiro e segundo graus onde estudei, ou de outros locais onde trabalhei por mais de 45 anos, ou de familiares que tem falecido, e ai, de repente percebo que muitos que estiveram `a minha volta ou comigo caminharam nesta estrada existencial ja se foram, só restando as lembranças, as imagens em fotos ou na memória.

Tento imaginar que, se é possivel retirar meu nome desta lista ou se simplesmente me preparar para quando a ordem de chamada se aproximar de meu nome, este é um momento que ninguém que se foi voltou para nos dizer como será ou está sendo a nova etapa da existência no plano transcendental. Isto exige de cada pessoa muita resignação, aceitação, tranqulidade e resiliência!

JUACY DA SILVA, professor universitario, titular e aposentado, mestre em sociologia, em plena terceira idade, colaborador de diversos veiculos de comunicacao. Email profjuacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com



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